sexta-feira, 1 de abril de 2011

"Parte de um conjunto"

Quando eu tinha uns 16 anos, eu via que as coisas que se passavam dentro de mim era sentida de uma forma diferente da maioria das pessoas.
Vivia falando que quando eu morresse, iria deixar meu cérebro para estudo, porque não era possível...
O meu "não era possível" não era sobre eu me sentir diferente. Era sobre eu não saber o porque.
Eu sempre gostei de ser diferente da maioria das pessoas, tanto na aparência quanto no modo de pensar, agir, etc.
Comecei a não gostar, quando isso começou a me impedir de fazer minhas próprias coisas.
Mas isso o que? Que diabos era isso?
Problemas externos, da minha infância, eu mesma, ou tudo junto?

Com 21 anos, fiz a pergunta: O que eu tenho?
-Tu é Bipolar.
(fiz cara de paisagem) e falei; Então...?
-Tu tem o transtorno bipolar afetivo, mudanças rápidas de humor... felicidade, tristeza, raiva, culpa, enfim essas coisas que já vínhamos conversando e blá blá blá.
No momento do blá blá blá, confesso que surgiu um princípio de lágrima nos meus olhos, pensei na minha família, se eles iriam sofrer com a notícia ou se iriam entender o que acontecia comigo.
Minha mãe entendeu, concordou e disse pra eu não me rotular assim.
Meu pai desconfia até hoje, embora o meu comportamento esfregue a resposta na cara dele, mas enfim, ele sempre me ajuda com conselhos.
Eu posso e não me importo em dizer, eu sou bipolar!
Porque vou ter vergonha, de algo que faz parte de mim?
E que alívio! agora a incógnita "o que é isso", tinha nome.
Bipolaridade.
Pesquisei sobre o que era, como funcionava, as possíveis rasões, se tem cura ou não...
Eu queria saber tudo, afinal eu tinha um novo item no meu manual, e precisava saber mais sobre ele, sobre mim.

Não vejo isso como um monstro de sete cabeças.
Vejo isso como uma coisa que eu preciso aprender a lidar, a controlar, a conviver.
Podem chamar de rótulo, mas eu considero uma característica.
Rótulo é uma coisa que vem estampada na frente só com o nome, sem grandes explicações.
Eu não me chamo bipoplar, e muito menos vivo em uma lata de conserva.
Tenho nome, dois braços, duas pernas, gênio forte, e um cérebro inquieto.
Também faço parte do grupo dos homo sapiens, com todos seus defeitos e qualidades.
Ser Humano, prazer em (lhe/me/nos) conhecer!

3 comentários:

  1. Se qualquer coisa do meu comentário ofendeu não foi à intenção ok!?
    Polares e eis que a mente se desloca para outro assunto só por hoje, só por alguns minutos, instante ou segundos... Um polar, dois polares, três polares...
    Fica bem!!!!!!!!!!!

    ResponderExcluir
  2. com tantos anônimos vindo aqui, sinto que pode começar alguma confusão... but, well, the first is back. \o
    minha mãe é bipolar. sempre foi. nunca se tratou. NUNCA.
    passei a infância e um pedaço da adolescência sendo penalizada pelo descontrole emocional dela e vou te dizer que só descobri que havia um problema, quando meus pais se separaram e ela nunca mais saiu do surto. até então ela era só minha mãe, uma pessoa braba e querida, um dia um, um dia outro, um dia os dois. faço terapia há alguns anos, o tema principal é sempre ela, e todos os danos que ela me causou. (obviamente, estou resumindo a história, minha mãe foi o inferno na minha vida e da minha familia, são anos de dramas desnecessários que me fizeram ser uma pessoa com medo de quase tudo.) o que fez com minha história de vida fosse tão tumultuada foi o fato dela não aceitar o diagnóstico, de não tratar a doença dela, gerando doenças colaterais, em todos que viviam ao redor.
    tu tá de parabéns por te aceitar, por te tratar e por tentar entender o que se passa. causar dano a si mesmo é uma merda, mas respingar nos outros é muito pior. ser bipolar é uma caracteristica tua, então, tu tem que viver com ela mesmo e não ter vergonha, mas sim, aprender a administrar isso aí dentro. congrats!
    gosto de te ler, me faz realmente bem.
    ;)

    ResponderExcluir
  3. eu venho aqui e sempre troco contigo alguma coisa sobre mim...
    tô criando um vinculo!
    tem que ver issae.
    hahahahahahha

    ResponderExcluir