quinta-feira, 31 de março de 2011

"Sintomas da Vida"

Hoje acordei com uma mancha maior em baixo dos olhos, não era maquiagem, e sim as olheiras.
O cansaço não era de ter dormido mal.
O cansaço não era físico, era o mental se tornando físico.
A dor de cabeça, não era um sintoma da gripe.
Eu vinha sentindo os avisos.  
Ao mesmo tempo que o peito parece se comprimir, sem espaço para mais nada, ele se enche, enche de dor..
Aperta, te esvazia, te enche, sufoca e dói.
A angustia aumenta, os pensamentos se batem, uns contra os outros.
A coisa toda se agita, feito de altos e baixos causada por impactos, onde uma coisa só pode ocupar esse espaço.
Invade, destrói, devasta.
É o efeito tsunami.
Eu preciso respirar, mas eu me engasgo, me afogo.
Esperteza seria nadar contra, ou tentar boiar?
Esperteza.... esperança.
Palavras simples, mas tem dias que não são só palavras.
Tem dias que elas precisam ter sentido.
Precisam ser sentidas.
Mas é difícil nadar no meio de um tsunami.
Junto, contra, a favor, isso te destrói, é cansativo de uma forma ou de outra. 

Hoje eu não acordei bem.
Eu achava que conforme o tempo fosse passando a dor iria amenizando.
Mas de três dias pra cá, venho notando um declínio.

A minha relação com a dor hoje, pode se definir assim: A minha dor, se acha uma celebridade, adora aparecer, e tem dias que ela cobra mais caro por se mostrar mais presente. Nesses dias eu sinto que essa dor está me levando ao inferno, e o pior, à prestação.

Eu sabia qual era o meu destino final.
Mas antes eu precisava achar algo pra enfrentar, pra me sentir vitoriosa, pra dizer a dor que eu ainda era capaz de enfrenta-lá.
Peguei o cigarro, o celular, o pen drive, a chave do carro e uma vela.
Passei reto pela sala, apenas disse: Avisa pro pai que fui dar uma volta.

Faz dias que chove aqui, então resolvi ir até o Siriú.
Coloquei as músicas mais tristes e vim gritando cada palavra, cada refrão, com toda a minha força.
Eu precisava sentir de alguma forma essa dor saindo de mim.
Eu precisava cuspir isso.
E claro, chorar.
Achei que o caminho fosse estar bem embarrado, e ai seria a minha dificuldade: Não atolar.
Fui e voltei, e de uma forma provei que eu posso sim, ir e voltar.
Representei de uma forma minúscula, que o caminho é difícil, que eu vou chorar, vou gritar, vou passar por inúmeras tsunamis, mas vou conseguir voltar, à minha casa, ao meu eu, embarrada, mas ainda que com dor, inteira.

Mas eu não fui pra casa.
Precisava ir a um lugar antes.
Fui pra gruta, a gruta da Nossa Senhora de Lourdes.
Eu sei que ao lado da estátua, dentro da gruta tem uma vertente, mas a escada estava enxarcada, então subi com cuidado pra não cair escada abaixo.
Cheguei ali, chorando e me sentindo tão pequena.. (sei que não sou alta) mas me senti menor do que todas as coisas que estavam ao meu redor, menor que a escada, menor que as arvóres, menor que a gruta, menor que tudo.
Tinha um silêncio que me incomodava.
Eu não sabia o que me assutava mais, se era o silêncio, as mensagens deixadas pra Santa, as velas, ou se era o receio de que alguem aparecesse por trás das plantas, da gruta ou sei lá, que brotasse do além.
Pedi como peço todas as noites, pra que ela consiga ir em paz, pra que tudo dê certo pra ela e pedi pra que ela me mandasse boas energias pra eu conseguir passar por isso, sobreviver.
Tava difícil conseguir "prender" a vela ali, tinha água até dentro da gruta e então escutei uns barulhinhos estranhos vindo de tras da gruta.. fiquei nervosa mas finalmente consegui prender a vela, olhei mais uma vez pra Santa e pedi novamente que ela à deixasse seguir em paz.
O silêncio voltou e quando eu tava me distanciando da entrada da gruta, um barulho alto estridente me assusta: Pchííííííííí-û!
Não me importa se era um passarinho, alguem, ou o que for, eu corri. Quando cheguei no final da escada, olhei pra cima e me senti uma besta.
O medo mesmo não era da gruta, do barulho ou de qualquer outra coisa.
O medo era fruto do desespero plantado dentro de mim.

Esses dias comprei três livros:
*"Uma viagem entre o céu e o Inferno" - Os surtos de euforia e depressão no depoimento de um portador de Transtorno Bipolar.
*"Acordando pra Vida"
*"Nosso lar"

(é eu to buscando palavras, pensamentos, trilhas, enfim, coisas que possam me nutrir.)
O livro Nosso Lar, eu não sei se vou conseguir ler tão cedo..
Mas já comecei a ler um, "A viagem entre o Céu e o Inferno."

Eis um trecho que achei:
" A forma que fui apresentado à doença psíquiatrica deixou a sensação de que aquilo não era pra mim. A revolta é natural, pois não existe uma rota alternativa para desviar daquela realidade imposta. Apenas aceitação, e essa é uma das posturas mais difíceis. Entendê-la, ter o conhecimento básico sobre ela, acredito ser o caminho menos difícil é por acreditar que não exista mesmo um mais fácil.
No que se diz respeito à literatura, temos ótimos livros a respeito de doenças psíquiatricas. Uma das formas de tornar tudo menos difícil, então, é se tornar autodidata. Para mim foi o primeiro passo a aceitação. A princípio, a leitura funciona como uma busca de sinônimos, em diversos dicionários, para os termos aos quais devemos nos habituar a ouvir.
O Transtorno Bipolar do Humor começava a despotar no meio acadêmico e colocaria em desuso o termo psicose maníaco-depressívo para efeitos diagnósticos. A mudança na nomenclatura, contudo, ameniza de forma sutíl o preconceito, mas não contrinui para aliviar o peso da doença - nem seus sintomas. Assim como abipolaridade, outros termos começaram a fazer parte do meu cotidiano, serotonina, impulsos elétricos, neurotransmissores, ansiolíticos, carbamazepina, fluoxetina, surtos e depressões, entre tanto outros.
Em alguns momentos, cheguei a considerar se a ignorância não teria sido a melhor rota a seguir. Saber gera uma infinidade de questionamentos, para os quais nem sempre temos respostas - e, quando as temos, muitas vezes preferimos ignorá-las. Mas a partir do momento em que nos propomos saber, entramos numa via de mão única, sem retornos, com a única alternativa de perseguir uma resposta, que pode não existir, ou que seja oculta em um enorme enigma, o qual talvez só consigamos decifrar no final da vida, em nosso último suspiro."

Esse trecho não cabe apenas as doenças psíquiatricas, mas sim a diversos problemas que a vida nos impõem. Depois da parte mais difícil que é a aceitação vem o saber,  que por vez nos leva as respostas, e outra vez  a perguntas.
Mas a cada resposta que aprendemos acumulamos conhecimento e este sim nos da uma certeza.
De que é preciso continuar vivendo.

terça-feira, 29 de março de 2011

"Loucura de uma realidade"

Hm.
Ontem tentei explicar o que a minha mente poderia fantasiar.
Eu poderia perfeitamente criar um mundo só meu, e com a minha fantasia viver no limbo.
Eu inclusive em algum post falei do sonho que eu tive em que ela falava que pra nós ficarmos juntas, ela eu estaríamos pulando etapas, e fazendo algo proibido.


Aluguei o filme "A Origem", e meu sonho "viveu" uma parte do filme.

     *O filme "A origem" nos convida a refletir sobre as dimensões que a consciência humana pode alcançar.
Assim como mostra o enredo da história, autores do campo da psicologia declaram há décadas que o tempo dos sonhos é diverso do real. Os sonhos se passam no compasso do inconsciente, que trabalha de modo cíclico e sincrônico, ultrapassando as barreiras de presente, passado e futuro.
     Nos sonhos, as memórias reais são associadas com nossas sensações e projeções sobre a realidade, servindo unicamente ao processo de integração das experiências que nos mantêm vivos. Ser quem somos depende de entender e sentir o mundo, do modo como fazemos.
    Portanto, sonhar é reconstruir o real de forma a manter nossa identidade preservada, poupando-nos da loucura de que cada fato encobre inúmeras realidades ambivalentes.
Sonhar é escolher a sua realidade possível, aquela que mais serve ao aprendizado do momento. Por isso mesmo, A Origem torna os arquitetos figuras centrais do mundo inconsciente. É preciso que nossos arquitetos mestres internos desenhem realidades plausíveis nos sonhos, pois, caso contrário, não aprendemos a lição deles, já que as nossas defesas racionais não nos permitem flutuar para além de um mundo seguro.


Limiar entre Realidade e Loucura:
Cobb, o personagem central da trama interpretado por Leonardo Di Caprio, banca seus riscos e vai ao limbo da mente, um estágio no qual o vínculo com a realidade é quase nulo. O limbo é onde nos esquecemos de quem somos e não podemos mais voltar para casa enquanto o encontro com nossa alma não ocorrer novamente. Nesse lugar perigoso da mente humana, os mestres-ladrões de sonhos perdem seus amuletos e não se lembram mais que estão sonhando. O limbo é o limiar entre a realidade e a loucura, um mundo quase sem volta.
Não é por acaso que o estágio-limite entre as dimensões de consciência no filme é cercado por água. As águas são o símbolo máximo da fluidez inesgotável do inconsciente, onde as emoções não oferecem lugar para a razão. A kombi vai ao encontro da água do rio no primeiro estágio de sonho. Eis o sinal derradeiro, não há tempo depois disso para o retorno. Mergulhar nas águas significa enxergar além dos muros da consciência e entregar-se ao abismo da loucura.
É fácil perceber a vulnerabilidade de nossa mente. Quantas pessoas vemos declinadas aos vícios de todos os tipos, sem ver saída de tal realidade destrutiva? Ou como não reconhecer a força de uma publicidade bem feita que nos faz ter desejos que antes não tínhamos? Sim, nossa mente é corruptível, manipulável, dominável. E uma simples ideia pode realmente inverter nossa percepção e alterar completamente a realidade.

Mergulho no Inconsciente:
Outro elemento bastante significativo no filme é que os sonhadores que se lançam juntos em um sonho são co-responsáveis uns pelos outros. É como a lei do carma, na qual as ações e reações de cada indivíduo afetam seus semelhantes que vêm viver juntos um enredo. O mundo inconsciente tem leis próprias e, ao que tudo indica, uma delas parece ser uma lei física: "a toda ação corresponde uma reação igual e contrária", em termos de frequência e intensidade.
Como vemos, mergulhar no inconsciente não é para qualquer um. Pelo menos, não para os acomodados ou covardes de alma. A metáfora do filme carrega um ensinamento: é preciso coragem e treino para lidar com a linguagem sutil do inconsciente, manifesta nos sonhos. Por isso, para compreender um sonho não é preciso consultar livretos de símbolos (embora muitas vezes eles ajudem nas percepções). Muito mais importante que esses manuais são as reflexões sobre os sentimentos, as paisagens, os personagens e outros tantos elementos dos sonhos que trazem um significado pessoal e íntimo a cada sonhador.

Buscar a origem é ir ao encontro de si mesmo em meio às marés instáveis da alma. É ter a coragem de ir além para voltar para casa reconhecendo sua própria força e luz. Quando sonhamos vamos além e quando acordamos temos a chance diária de voltar para nossa origem e aprender um pouco mais sobre quem somos.*

*Escrito por: Clarissa de Franco*
Psicóloga, astróloga, mestre em Ciências da Religião. Atua com pessoas em processo de luto, depressão e ansiedade.

Não dormi bem, não acordei bem.
Na hora da janta, comentei chorando uma coisa que aconteceu comigo na sexta feira.
Quando eu estava caminhando pra ir ao banheiro do ultimo bar que fomos, (que era um bar que minha ex-namorada gostava de frequentar) eu vi um "vulto" ao meu lado esquerdo, como se alguém estivesse caminhando muito próximo de mim, com o mesmo movimento.
Vi um braço e um pedaço do pé e da perna.
Olhei pra trás pra ver se não tinha ninguém caminhando grudado em mim.
Não tinha ninguém.
Quando virei pra frente, olhando pro chão, vi o mesmo vulto.
Olhei pra frente sorrindo sozinha.
Nesse momento eu senti um abraço extremamente carinhoso.
Me senti preenchida. 

Contei isso chorando, questionando se eu estaria ficando louca de vez.
Afinal eu tinha sentido mesmo esse abraço.

Me pego intrigada pensando em certas coisas.
Nas coisas que aconteceram na UTI.
Nos dois sonhos que eu tive com Ela.
E agora, nesse abraço.

Como eu disse, não sei se é a minha mente fantasia, ou se realmente as coisas são muito maiores do que pensamos.


segunda-feira, 28 de março de 2011

"Mente Fantasia"

"Anônimo disse...

Acho curioso que tu te refira à ela como tua ex-namorada.
Acho que o comum seria ainda chamar de namorada, pelo menos eu acho que eu chamaria.
Acho (pela quarta vez) que tu realmente estás assumindo as coisas como elas são, e isso é o mais difícil. O resto vem com o tempo, o resto é natural, o resto é consequência. (...)"
Toda vez que eu escrevo aqui, eu tento seguir um roteiro, quem vem de palavras soltas e sentimentos impressos dentro de mim.
Se tu conversar comigo cara a cara, vai ver que eu tenho uma dificuldade absurda de concluir uma linha de raciocínio, vou começar pelo "F" ao invés de começar pelo A, vou contar o "B" no lugar do "Z". Eu penso muitas coisas ao mesmo tempo, e ainda não adquiri a capacidade de falar na velocidade do meu pensamento, se eu tento isso, certamente tu não vai entender nada, eu certamente vou gaguejar, e vou falar palavras novas, não encontradas no dicionário.
Conhece: "Arabando o baninho?"
Tradução: Abanando o Rabinho.
Eu gostaria que muitas coisas fossem diferentes e o que mais gosta de mudar as coisas, é a minha cabeça, minha mente, minha mente fantasia.
Quando me refiro a minha ex-namorada no meu dia a dia, eu não penso que ela morreu.
Quando escuto o barulho de um carro a diesel, fico olhando esperando ser uma caminhonete branca com ela dentro. E nunca é.
Nunca vi tantas caminhonetes brancas na minha vida, como vejo agora, pra ter noção em um trecho de 17km vi 8 caminhonetes brancas. 
Evito marcas que ela usava, gostava ou comia.
Evito, comidas, lugares e falas que ela dizia.
Evito um monte de coisas que envolve ela, se não, tudo na minha mente vira fantasia.
Fantasio que nada disso aconteceu, que tudo aquilo foi o meu pesadelo mais terrível e que o que eu estou vivendo hoje, não passa de um surto psicótico. De um lugar que eu criei e vivo nele a base de lembranças e promessas.
As lembranças sempre vão existir.
As promessas não cumpridas jamais vão se cumprir.
O poder da minha mente, não trará ela de volta, mas a faz viver eternamente em mim.
Tu não sabe o quanto que eu gostaria de dizer e sentir a minha namorada.
De olhar pra ela e dizer: Meu amorzinho.
Que na hora de dormir eu pudesse colocar a perna em cima dela, ao invés de me cercar com 6 travesseiros.
Que os meu choros a noite voltassem a ser por um pesadelo contado a ela.
Que a chave que estava no meu chaveiro ainda servisse pra encontra-la a qualquer horário da noite.
Que aquela voz, não fosse apenas um eco na minha cabeça.
Que aquele sorriso não fosse uma das melhores lembranças e sim uma felicidade eterna.
Que a nossa promessa de "jamais abandonar" ela conseguisse ter cumprido.
Preferiria mil vezes que ela tivesse terminado comigo, ao invés de ter desistido.
Mas as coisas não aconteceram da forma que eu gostaria e nem perto das que eu sonhei.

Então me obrigo a pensar que isso ou aquilo jamais acontecerá.
Me obrigo a escrever; minha ex-namorada.
Me obrigo a entender que ela não pertence mais a esse plano, ou a essa vida.
Me obrigo a aceitar que era isso que ela queria.
Me obrigo a viver, lutando contra a minha mente fantasia.
E vivo a sonhar que a minha mente não fantasia, e que sim, ela ainda esta viva.

Eu preciso aceitar os fatos, preciso viver minha vida, com ela na minha mente, mas sem minha mente fantasia.

sábado, 26 de março de 2011

"Passinho por passinho."

Ontem foi a primeira vez que eu tentei sair pra "festa" a noite.
Sai de casa com aquele medinho na cabeça.. Será que não vou fazer mal a mim mesma?
Como eu disse, é muito recente e novo, viver sem o meu lado negro.
É muito pouco tempo pra eu me acostumar que a pessoa que eu queria que estivesse sempre comigo, não vai mais estar.
Eu não estou bebendo.
Não é porque "eu não posso".
Na verdade eu nunca pude beber da forma que eu bebia por causa dos meus remédios.
Mas hoje eu não quero beber.
Eu sempre fui "de fechar o bar", e mesmo sem grandes motivos eu fazia mal pra mim mesma, ou fazia mal fisicamente ou emocionalmente.
A física eu pretendo nunca mais fazer.
Mas como eu disse, eu estranho a ausência do meu lado negro, e tenho medo de que se eu beber, o lado negro possa aparecer de cantinho e ir ganhando forças, tenho medo de que o lado negro atinja o meu emocional, me deixando em um ciclo vicioso de pensamentos ruins.

Adorei estar do lado de pessoas que eu gosto muito e que a minha ex-namorada amava, quando finalmente nos encontramos e ficamos lado a lado, eu me senti como uma criança besta que vê um brinquedo na vitrine e fica com os olhinhos brilhando com um sorriso estampado no rosto.
Só havia amor ali, tanto nosso pra ela, quanto dela pra gente.
Era uma corrente amorosa, e nós estamos seguindo com essa corrente.
Nos encontrando e transmitindo todo esse amor e carinho, uma pra outra.
Ontem eu ri bastante, ri mesmo!
Mas teve muitos momentos eu não estava prestando atenção, minha cabeça voltava a cena, voltava a todos aqueles momentos horríveis ou para os melhores que terminavam outra vez nos horríveis, na saudade.
Eu poderia ter ido embora muito mais cedo, mas fiquei, eu quis enfrentar isso e enfrentar sem o álcool.
Claro dei três ou quatro bicadinhas, pra molhar os lábios e sentir o gostinho, mas não passei disso.
Deu agonia e eu senti dor, mas é uma longa caminhada, e passinho por passinho lá vou eu.
Eu cheguei em casa me sentindo vitoriosa!
Consegui aproveitar o momento com as gurias, consegui me divertir, e não fiz mal pra mim.
Um dia por vez, e por ontem, eu me senti de dever comprido.
Eu sobrevivi.

sexta-feira, 25 de março de 2011

"Terapia da vida"

Roteiro do dia:
-Psiquiatra as 15hrs.
-Psicóloga as 16hrs.

Mas eu inventei de ir no salão de beleza, fazer uma tal de blindagem no cabelo.
Falei que eu podia das 14 até no máximo as 15hrs.
Sai do salão 15:40, no final não consegui ir na consulta do psiquiatra, só peguei as receitas.
Não sei se fiquei feliz por não ter falado com ele...
Na verdade eu não fiquei feliz, eu preferia ter falado pra ele o que aconteceu e que agora sim pela primeira vez na vida eu posso realmente dizer: Estou com um problema.
Ia doer, mas talvez ele pudesse me ajudar com alguma outra medicação, como eles adoram dizer: "com isso tu vai passar por essa fase sem ter tal sentimento tão forte"
Mas a palavra que ao meu ver mais se encaixaria não é forte, é abusivo. Isso! Abusivo.

Mas ok, a corrida agora era pra psicóloga.
Peguei chuva,cheguei atrasada mas cheguei.
Logo na entrada eu sempre digo "Oi _____ " e ela sempre me responde oi com um ar de "felicidade em me ver".
Só tinha acontecido uma ocasião em que o "oi" dela não tinha sido alegre como o de sempre, foi porque ela chegou  atrasada no meu horário e não tinha se sentido bem com isso.
Mas o "oi" de hoje, foi estranho, o olhar de 1 segundo que dá o tempo de eu passar pela porta, me pareceu ser um olhar assustado, com receio.

Sentei na cadeira, fiz o mesmo ritual de sempre, tiro uma almofada verde da cadeira e toco no divã, se eu não faço isso eu não consigo me concentrar pra iniciar a sessão. (é um t.o.c) mas shhh =x
Comecei explicando o atraso, claro eu tava fugindo do que eu realmente não queria, mas precisava falar.
Ela disse: "sobre a msg que tu mandou pedindo pra eu acessar o teu blog, eu não me sentiria a vontade, me sentiria invadindo a tua vida, sem tu estar presente, em ler coisas e ter um entendimento errado já que eu não estaria ali pra explicar como realmente eu senti.
E logo em seguida ela disse: "E ai, como tu ta sobrevivendo com isso, com essa coisa tão forte que aconteceu contigo?"
Respirei fundo, fiquei um tempinho sem dizer nada e disse: "É.. é difícil, mas eu descobri que eu sou forte, realmente forte. Não é qualquer um que passa por isso e fica do jeito que eu estou agora. Se fosse no "eu" antigo eu já tinha me matado, mas aquele segundo mudou a minha vida... fez tantas coisas que não conseguiria descrever... (pronto já desabei no choro).
Falei de magoa, falei de raiva, falei de dor, falei de amor.
Eu tava toda atrapalhada, tentando explicar coisas, mas ao mesmo tempo evitando entrar em detalhes, ainda por cima, sabia que a sessão seria mais curta.
Mas falei, falei dos detalhes que mais me doem.
Chorei, chorei muito e dizia que ela jamais iria entender o tamanho da minha dor, ela concordou na hora. E no meio das minhas falas, ela só dizia "que horror", "meu deus", "mas é claro, é evidente", "não imagino mesmo".
Tentamos achar explicações inexplicáveis.
Mas pelo menos ela concordou comigo em aspectos que eu precisava que alguém concordasse com toda certeza como eu tinha, eu precisava dividir a raiva com alguém, com alguém que tivesse capacidade de avaliar a situação e ver  as coisas da mesma forma que eu vi.
Vários momentos ela dizia que eu tinha que encontrar o lado bom, e eu interrompia ela dizendo que eu havia achado o lado bom, mas que esse lado bom, não isentava de forma alguma a minha dor.
Ela disse que realmente, passar por isso que eu passei e estar ali, lutando e sobrevivendo não era pra qualquer um.
Disse que eu não era qualquer um, que ela e o meu psiquiatra sempre falavam que eu tinha uma força vital muito grande no meio de tanta coisa ruim e que agora isso se sobressaiu.
Que a dor na forma mais extrema mostrou a minha força extrema e a minha vontade de viver.
Ela disse também, que eu sabia que eu havia me arriscado, mas que era impressionante a força e o meu amor, amor por ela, amor pela vida. "impressionante que tu não te importou em correr esses riscos, passou por cima deles, disse que eu estava exposta aos riscos mas decidida a tentar fazer o bem, mesmo correndo o risco de falhar eu simplesmente agi, que era instintivo meu, que muitas pessoas não teriam coragem nem discernimento em meio dessa situação toda.

E eu disse: "É claro que eu "me arriscaria" porra! Tu vê a pessoa que tu ama naquela situação e não vai fazer nada?! Que tipo de amor seria esse?! Que culpa eu estaria carregando se não tivesse feito tudo que eu fiz?!
Eu sei que não posso mudar o passado, mas se alguém me perguntasse hoje: Se tu soubesse que iria ser assim, tu teria feito tudo que tu fez? Eu responderia, sem nenhuma dúvida: Faria tudo de novo!
Eu jamais me arrependi do que fiz, sei que fiz tudo que estava ao meu alcance, que fiz tudo com um único pensamento na cabeça: Amor.
No fim não conseguimos falar muitas coisas.
É muito complicado explicar o inexplicável.
Mas o desfecho segue na proxíma sessão.


Eu me dou super bem com os meus pais.
Eu e minha mãe temos mais liberdade pra falar nossos sentimentos.
Meu pai descreve, mas tem dificuldade de dizer certas coisas.

Eu tava aqui escrevendo o post de hoje e recebo a seguinte mensagem do meu pai, que estava no quarto do lado do meu:
"Filha amada..o pai esta muito..muito feliz que tu conseguiu ver que tu é forte.. chorar.. ter angustia.. temores.. medos.. e todos os demais sentimentos.. é da nossa natureza.. parabéns por ter se descoberto forte.. é amadurecimento.. bjs do pai que te ama e deseja tua felicidade.."

Eu respondo:
" *-* (isso significa olhinhos brilhantes)
Obrigada pai, essa força que eu descobri em mim, jamais existiria sem a tua ajuda.
Obrigada. Te amo."

Em seguida ele me responde:
"Bem vinda a vida.. bjs do pai que te ama."

É pai.. descobri esse ano o significado da palavra difícill.
Da palavra amor seguida da palavra incondicional.
Da palavra medo.
Da palavra dor.
Da palavra rombo.
Da palavra vazio.
Da palavra força.
E da força da palavra vida.
Da força na vida.
A palavra suicídio eu não entendi, eu vi, eu senti e essa não tem tradução.

quinta-feira, 24 de março de 2011

"Vão e vêm"

Eu juro que tento não pensar nela.
Eu não quero esquecer dela.
Mas é que dói tanto.
Lembro das coisas boas e claro da tragédia também.
Dói por ter sido muito bom, dói por saber que pra estar junto dela, agora é só em sonho.
Dói por lembrar da forma que tudo acabou.
Dói de um jeito e dói do outro.

Eu ainda não contei pro meu psiquiatra.
Como se conta isso pra alguém?
Como repetir a história pra ele saber sendo que eu não quero lembrar?

A minha psicóloga sabe, mas não sabe de detalhes.
Eu ainda não estive lá.
Mas mandei uma msg pra ela pedindo pra ela ler o meu blog.
Assim eu conversaria com ela só as coisas que me convém.
Mas ela disse que entendia o meu anseio pra que ela lesse, mas que deveríamos ler juntas.
É resumindo, ela quer ver como eu estou reagindo com isso.
Ela quer ver eu voltar ao dia e fazer com que eu sinta a mesma dor.
Tenho facilidade pra isso, volto na memória qualquer dia triste e sinto exatamente a mesma coisa que senti no dia.
Antes fosse, eu ter orgasmos múltiplos só de lembrar de um sexo muito bom! ¬¬
Mas amanhã vou sentar na frente dela e ficar quieta olhando pra cara dela.
Não é birra não. Me trato com ela a sete anos, esse vai ser o oitavo.
Na hora dela pedir textos meus pra usar nas palestras e cursos que ela dá, eu deixo.
Mas na hora em que eu peço pra ela ler um texto meu, ela não quer fazer sozinha.
Ai é bom, a coisa só vai e não vem.

As vezes penso que estou "muito bem assim" e que não precisaria mais da ajuda dela.
Mas também penso que isso pode ser um resquício do meu outro lado.
O que não quer enfrentar isso mais a fundo.
Eu preciso ir mais ao fundo?

Não quero coisas que só vão, que se vão.
Quero as que vêm e vão, a troca.
Nunca mais quero esse vão, esse foi e não volta, agora é apenas um vão.

terça-feira, 22 de março de 2011

Permita-se!

Passei alguns dias "refugiada" no meu paraíso.
Criei uma nova rotina, evitei as antigas, e tava bom assim.
A minha casa mesmo não fica no paraíso. A minha casa mesmo, foi "roubada".
Vivíamos em uma coisa que não conseguíamos chamar de casa.
Por mais que tentássemos arrumar e tornar esse lugar "nosso", não dava.
Encaixotamos tudo a 2 meses, tudo não, eu não queria mexer nas minhas coisas.
Eu não queria tocar a merda no ventilador.
Quem me vê de longe, diz que eu tenho cara de braba e já vi até gente dizendo que tinha medo de mim.
Mas eu sou ridiculamente sensível.

Esses dias que eu passei "refugiada" me fizeram bem.
Chorei muitas em muitos banhos, chorei em muitas noites.
E por mais que meu pai falasse: "qualquer coisa é só bater aqui na porta"
Eu sabia que ele não poderia fazer nada.
O problema é meu, o momento é meu, o amadurecimento é meu.
Ele não iria controlar meus pensamentos, não iria tirar as lembranças.
O maxímo que ele poderia fazer é me abraçar, ficar do meu lado e conversar comigo.
Claro que isso ajuda, mas eu preciso saber viver comigo mesma, eu preciso ficar bem quando eu estiver só comigo.

Então voltamos pra "casa" e eu fui direto encaixotar as minhas coisas.
Consegui pegar, olhar tudo que eu pensava que iria doer.
Se eu falar que "não doeu" eu vou mentir, mas dessa vez o meu sorriso foi mais forte que a dor.
Consegui colocar muitas coisas fora, consegui me livrar de muitas coisas que eu carregava a anos.
Pronto, tudo pronto pra nos mudarmos e finalmente irmos pra casa.
Pra uma nova casa, a nossa casa.
É no lugar onde eu sempre quis morar, mas é num lugar que eu jamais imaginei que fosse ser assim.
É muito melhor do que eu pude imaginar.

Eu tava com medo de voltar pra "casa", mas quando cheguei na cidade e vi tanta vida, comentei: "eu tava sentido falta desse burburinho, de ver tanta gente... vivendo!"
Antes as pessoas eram "peças" que passavam por mim na rua.
E eu era um fantasma medroso que passava por elas na rua.
Hoje eu vi pessoas, apenas pessoas e me senti muito feliz.
Me senti viva, senti tal do amadurecimento fazendo efeito.
E que coisa bem boa.

"O caminho mais fácil nem sempre é melhor que o da dor"
E realmente, se eu estivesse escolhido o caminho mais fácil, pra lidar com as minhas dificuldades atuais, eu jamais estaria assim.

Guardei todas as coisas que ganhei da minha ex-namorada numa pastinha "secreta", guardei com todo o carinho do mundo, com um sorriso estampado no rosto.
Depois me diverti com a minha amiga jogando um jogo estúpido online, e putaquepariu, nós realmente rimos e nos divertimos.

Enquanto eu esperava uma partida e outra, fui olhar o blog e omfg! a "anônima" deixou de ser anônima!
E já sai dizendo pra minha amiga: "me socorre, to nervosa no jogo e to nervosa com a "anônima", e ainda por cima, amanhã vamos pegar a chave do apartamento, (eu tava pulando na cadeira) hoje eu não durmo!
Mas hoje a dificuldade de dormir não iria ser por pensamentos ruins.
Eles não deixaram de existir, mas hoje eles foram um pouquinho mais leves, porque hoje eu me permiti ser feliz, eu não me culpei e muito menos me puni.
Aconteceram muitas coisas boas e pela agenda, amanhã também promete.
Consegui quebrar a maldição que eu mesma criei.
Eu finalmente me permiti.
As pequenas coisas fazem sim, uma grande diferença.
A evolução é dura, lenta, mas pode sim ter momentos gostosos.
Aceitação vem junto com transformação.
Permita-se!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Querida Anônima:

O teu "obrigada", tem um valor absurdo pra mim.
Tu não tem noção da vontade que eu tenho de ajudar os outros, de ajudar os conhecidos, os desconhecidos.

Não é pra passar por "boa samaritana", é que isso realmente é o que me faz feliz.
Esse teu "obrigada" transformou meu dia tenso em um dia que eu me senti bem, me senti feliz, realizada.
Eu é que agradeço o teu obrigada.

Culpados Inocentes.

Hoje foi um dia tenso.

Meu celular toca e eu não consigo atender a tempo, fui ver quem tinha ligado..
Era a mãe da minha ex-namorada.

Surgiram milhares de pensamentos..
E fiquei entre muitos "serás". Não sabia se ligava de volta, não sabia se isso iria me fazer bem ou mal.

*pausa para um flashback*
Julguei as atitudes dela focando principalmente naqueles dias, não gostei e culpei ela pelo acontecido.
Eu estava guardando uma certa magoa com muito rancor.

Na dúvida liguei.
A voz dela não estava boa, ela não estava bem, ela queria saber como eu estava.
Quando eu escutei o tom estremecido, eu senti a dor dela. E reformulei meus pensamentos na hora. Naqueles dias, ela culpava somente a filha e não demonstrou nenhuma afeição comigo, mas não foi por não sentir nada de fato (por mim nem pela própria filha) e ela também não estava se isentando de nada.
Ela tinha  levado um choque muito grande, e saiu do ar.
Ao invés de culpa-la, falei que ela tinha que ser forte, que não era fácil, que ninguém tem noção do que passamos, mas que isso era uma coisa que a filha dela queria e como sempre foi.. ela sempre conseguiu o que queria. Então tínhamos que aceitar por mais difícil que fosse. Renascer a cada dia e ser feliz, pois ela não iria gostar de nos ver mal.

Ela comentou que achou uma carta de despedida escrita em 2007, falando que o que ela queria mesmo estar junto do pai, que ela queria evitar o sofrimento de uma mãe enterrar uma filha e evitar o sofrimentos de todos que gostavam dela.

Sempre buscamos culpados. E é sempre mais fácil culpar os outros.

E eu fiz o mesmo.
Pra mim era muito mais fácil colocar toda a culpa na mãe dela, do que admitir que minha ex-namorada tinha a maior parte da "culpa".
Mas eu liguei de volta e pedi mil desculpas por ter culpado ela pelo acontecido.
Hoje eu tive uma compreensão maior.
A questão não é buscar culpados.
Ela não teve culpa, ninguém teve culpa de fato. É claro que tiveram sim, acontecimentos e fatores que contribuíram pra que isso acontecesse, mas ninguém faz de propósito, ninguém erra com a pessoa que ama querendo magoa-la.
Quem ama sempre tenta fazer o bem, as vezes erra, mas sempre é por bem, jamais por mal.

Pra mim é muito difícil admitir que ela decidiu que melhor forma dela ficar bem era se matando
E é muito mas muito mais difícil aceitar que ela havia decidido isso a muito tempo, desde a morte do pai.

E o que ela estava fazendo era aproveitar a vida ao máximo, ser feliz ao extremo, vivendo sempre intensamente, passando dos limites, "esperando" até o dia que ela chegasse ao seu ponto final.

Ninguém tem culpa pelas coisas que fazemos, somos responsáveis pelos nossos próprios atos.
Eu demorei 22 anos pra admitir que eu era culpada pela situação que eu havia me colocado, que os meus fatores desencadeantes eram apenas fatores contribuintes e não os culpados.

Nós mesmos é quem somos os culpados inocentes.
E só nós mesmos é quem temos a força pra virar a página.
Claro que ajuda sempre é bem vinda, andar de muletas é mais fácil do que andar mancando.
E por mais difícil que seja, nós sempre vamos encontrar forças pra lutar, mesmo nas horas mais difíceis.
Um passo por vez, um dia por vez, nós vamos longe.

domingo, 20 de março de 2011

Você não está sozinho.

Finalmente consegui dormir essa noite passada, que alívio!
Descobri que eu não posso escrever no blog à noite, isso me agita demais.

Tava pensando nos comentários deixados...

" Em primeiro lugar porque eu já desejei mil vezes estar no lugar dela e sentir essa liberdade de dar fim ao sofrimento. Deve ser mágico. Em segundo lugar, porque nunca desejei a ninguém que amo estar no teu lugar. Isso é o que me impede."

Quantas vezes tu acha que eu planejei minha morte? Muitas e das mais variadas formas.
Mas nunca com "drama" afinal eu não queria fazer mal aos outros e sim só a mim.
Era da minha vida que eu não gostava, da forma com que eu mesma lidava com a vida, no modo que eu via as coisas, encarava ou não os problemas, resolvia ou não, ou melhor, tudo era "ou sim ou não"  e na maioria das vezes era "não" eu sempre achava que não tinha jeito mesmo.
Nos momentos mais críticos, ou seja na hora em que eu realmente queria dar fim a tudo, eu pedia pra ter força pra fazer isso, tirar a própria vida, não é um momento de fraqueza, muito pelo contrario, precisa de muita motivação, muita coragem.
Mas porque eu nunca fiz isso? Pelo mesmo motivo que tu, nunca consegui fazer isso porque eu pensava nos outros. Eram os outros que me impediam, eu queria terminar com a minha vida, não com a deles.
E eu sei que eu iria causar danos irreparáveis em muitas pessoas, e isso era definitivamente o que eu não queria.

Quantas cicatrizes tu acha que eu tenho? Quantas queimaduras de cigarro tu acha que eu tenho?
Quantas vezes quebrei minha mão e meus dedos socando parede.. já quebrei minha mão mesmo quando ela estava com gesso.
Quantas coisas materiais importantíssimas (no quesito sentimental) eu já quebrei.
Quantas vezes eu mesma me afundei..
A dor interna que eu sentia era enorme, então eu precisava me machucar ou fazer algo pra tentar sentir uma outra dor.

Amigos, familiares, médicos.. todos dão conselhos, dizem que tal coisa não é correta, que tal coisa vai nos fazer mal mesmo não parecendo e nós nunca levamos a sério.
Ninguém aprende da maneira mais fácil, ninguém aprende por conselhos.
A gente só aprende quando de fato, tomamos no cu.
A coisa funciona assim, se tu não consegue aprender.. a vida ensina.
Ensina da maneira mais difícil, sempre.

Se eu n tivesse passado por tudo isso, eu não teria mudado muitas coisas na minha vida.
Aconteceu um "big bang" naquele segundo.
E obviamente, aprendi. Da maneira mais agressiva que alguém pode aprender alguma cosia.
Eu sei que isso que eu vou dizer vai passar batido na cabeça de muitas pessoas.
Mas não esperem a vida ensinar, não esperem que uma tragédia aconteça, porque quando isso acontecer, tu aprende, ahh como aprende!
É na marra, a vida te apresenta uma situação extrema, que leva um pedaço de ti com ela, mas ao mesmo tempo ela repõem esse pedaço em ti, como uma peça de carro, tu pega a peça velha, troca e pronto, o carro funciona diferente, funciona como novo. (com algumas outras peças capengas mas funciona, entende?) e com essa troca de "peças" tu é obrigado a compreender certas coisas, a enfrentar, a viver.

Sei que a parte "olha pro lado e vê o problema dos outros" não adianta.
Mas se tu acha que ta tão ruim assim, vai em um grupo de apoio e lá tu vai ver que teu problema é grande sim, que ele dói, mas que tu tem muito mais força do que tu imagina, vai ver que as coisas se tornam pouquiiinho menos difíceis, mas esse pouquinho, é muita coisa, já da um certo alívio.

Olha como o próximo comentário meio que complementa e resume minha linha de pensamento.

"Eu vim aqui, deixei meu comentário (o primeiro) e achei que não precisava mais voltar. mas aí me peguei com vontade de saber a continuação "da novela" (não no mau sentido, é claro, mas acaba sendo o que parece de fora. don't be mad) e voltei hoje. li vários posts desde aquele e senti que tu tá, como alguém já disse, com vontade de viver. parabéns guria, tua força tá aí todos os dias te empurrando pra fora. fico pensando que gostaria de te conhecer, eu e minhas amigas somos legais (sem falsa modéstia) e nos respeitamos pra caralho (sem rebuceteio). quem sabe um dia. quem sabe uma surpresa. quem sabe felicidade. keep calm and carry on."

As vezes achamos que é aquilo e ponto. Mas lá no fundo sempre tem um "mas e se...? "
Voltamos e repensamos no que os outros dizem ser "nossa novela" ou dizem que não é tão difícil  quanto parece, mas pra gente isso na verdade parece mais pra uma tragédia grega.
Mas aos poucos tu vai te fortalecendo, amadurecendo. Claro que na maior parte do tempo tu desacretida em ti, mas tenho certeza que a cada dia que tu acorda, tu tenta achar pelo menos uma nova saída, pra nós que não estamos bem não ajuda muito, mas com o tempo vai ajudar sim!
E que a vida não só nos apresenta coisas difíceis, ela também nos apresenta coisas interessantes.
Pessoas, lugares, pensamentos, relacionamentos.
Como eu disse, a vida sempre nos faz trocas.
Nos faz aprender que o "e se..?" pode ser bom, que o "pode ser"  pode ser melhor ainda, e que o "quem sabe um dia" pode ser a melhor surpresa, pode ser uma ótima e grande felicidade.

Acredite sempre em ti, se acha que já deu o máximo, então volte e de o mínimo.
A vida tem alto e baixos, ninguém nunca está só "por cima".
Não recuse suas fraquezas, quem se diz forte demais tem medo demais.
E quem se julga fraco demais, tem força demais, vida demais.

 

sábado, 19 de março de 2011

Sempre odiei a época de natal e ano novo, porque meus pais se separaram quando eu tinha 5 anos, tinha toda aquela coisa de sempre, tal dia é do pai, tal dia é da mãe, então em épocas comemorativas onde supostamente a família deveria estar unida, a minha não tava, mas pra mim o pior era que; na minha cabeça eu pensava assim: Tenho que escolher ficar com um e magoar o outro. E sempre foi assim "eu estaria magoando alguém".

Depois minha avó faleceu quando eu tinha 8 anos, 2 dias depois do natal, então era mais um motivo pra eu não gostar do natal.

Tentei me "ausentar" do blog nos dias 17, 18, 19 e 20.
Eu sabia que "só" por ser esses dias eu já estaria mal.
Mas desde o mês passado passei a menstruar no dia 18 ao invés do dia 28.
E sim, eu tenho tpm e das fortes, um dia eu tenho vontade de matar alguém (mesmo) e no outro eu choro por tudo, e dessa vez não foi diferente.

Sabe, mesmo tendo visto todas as coisas que aconteceram nesses dias, tem horas que a ficha cai, outras tu, no caso eu, ainda fico pensando, "ela está viajando e logo vou ver o carro dela, vindo me buscar".

Nesse dia 17, eu pensei, porra, faz um mês e ela não voltou...porra, ela não vai voltar.
Então tento forçar a minha mente a crer que tudo aquilo foi verdade. Que aquele horror realmente aconteceu.
Na madrugada, veio uma raiva, mas uma raiva absurda mesmo.
Só conseguia pensar nas seguintes coisas:
Porque isso aconteceu? (fiz a retrospectiva e voltei à mesma conclusão)
Tá, mas porque que chegou a esse ponto?
Repensei tudo, desde todo o tempo em que passei com ela até todas as coisas que ela me contava da vida dela, antes de estar comigo.
E só vinha uma resposta na  minha cabeça.
Por mais que ela tivesse o amor de muitas pessoas, isso não bastava pois o amor de quem ela realmente precisava ela nunca teve, nunca sentiu.
Me transformei em um monstro, nenhuma coisa boa passava na minha cabeça, as coisas só fluíam da raiva.

Tomei meus remédio pra dormir as 3:00, eles me fazem "desligar" normalmente em 40min.
Eram 6:04 e eu ainda estava acordada, sendo alimentada pela raiva.
Deixei um bilhete na porta do meu pai, dizendo pra ele que eu não estava me sentindo bem, que além disso, meus remédios iriam acabar antes do tempo certo, ou seja, minha cabeça anda tão alterada, que tomei 2x um remédio noturno de dia.

Finalmente dormi, quando começou Ana Maria Braga.
Quando acordei, passei reto pra varanda, sentei na rede e acendi um cigarro.
Não dei oi, não dei bom dia a ninguém.
E meu pai me perguntou, porque que eu não estava bem.
Respondi e começamos a discutir, ele falava que eu não podia colocar a culpa disso tudo em uma só pessoa. Concordei, mas foi  muito descaso. Muitos momentos eu via isso acontecer, imagina nos outros 21 anos.

E a mesma frase que foi me dita no dia do enterro dela, veio a minha cabeça:
"Eu não entendo o que ela queria, eu ia trocar o carro dela essa semana, comprei apartamento, eu dava dinheiro e pagava as contas."

Pra terem noção, fui escutar Facção Central.
A música é "Eu não pedi pra nascer"
Trechos que pra mim fazem sentido.

"Olho roxo, escoriação, porra, que foi que eu fiz?
Pra em vez de tá brincando, tô colecionando cicatriz.
Porque não pensou antes de abrir as pernas,
Filho não nasce pra sofrer, não pede pra vir pra Terra."

"O seu papel devia ser cuidar de mim, cuidar de mim, cuidar de mim
Não me espancar, torturar, machucar, me bater, eu não pedi pra nascer"

"Eu não queria Playstation, nem bicicleta
Só ouvir a palavra "filho" da boca dela"

"Qualquer um ora pra Deus pra pedir que ele ajude
A ter dinheiro, felicidade, saúde
Eu oro pra pedir coragem e ódio em dobro
Pra amarrar minha mãe na cama, pôr querosene e meter fogo"

"Olhei pro teto e vi as armas num pacote,
Subi na mesa, catei logo a Glock
Mãe, devia te matar, mas não sou igual você,
Em vez de me sujar com seu sangue eu prefiro morrer...."

Agressões físicas passam, mas as piores vem das palavras.
E com a indiferença que ela olha na tua cara.
Ontem  noite, eu estava conversando com meu pai da relação dele x minha mãe x eu.
Falaram pra irmos jantar fora, eu subi pra ver se meu cachorro não precisava de nada, fui no banheiro fazer xixi, sentei e desabei no choro, surgiu uma dor indescritível no meu peito.
Sai correndo e perguntado: Que horas são?
Alguém grita lá de baixo: "São dez pras oito"
Desci com o rosto todo vermelho, sem conseguir dizer nada, só chorava e fazia gestos ao meu pai, apontando pro meu peito.
Ele se assusta e me pergunta: o que é que tu tem?
E eu respondo: Nesse momento eu estava me preparando pra me despedir dela.

Mais tarde minha amiga me ligou, e eu disse que eu tava bem surtada, afinal a tpm tinha vindo junto aos dias. Ela disse que sabia, pois havia acontecido o mesmo com ela, e ficamos um tempo conversando sobre tudo que já havíamos conversado antes.
E sempre chagamos à mesma conclusão:
Foi uma tragédia, um horror, com muitos sentimentos.
Que eu vou ter muitos altos e baixos, mas eu vou acordar cada dia enfrentando, vivendo.
Que era pra ser exatamente da forma que foi.
Eu, ela, todo mundo que ficou sabendo, até tu aí mesmo que tá lendo, repensou muitas e muitas coisas.
A tenho certeza de que estás vivendo a tua vida de uma outra forma.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Tudo demais.

"Querida, aqui tô eu lendo e relendo todas as tuas "postagens", pensando, pensando e diferente de ti, que gosta de escrever, eu tenho dificuldade.
Mas não poderia deixar de te dizer algumas coisas que por enquanto vão por e-mail, porque não sei postar lá no blog e tenho receio de quem vai ler.
Mesmo com muito sono a esta hora, preciso te dizer que eu venho te olhando, acompanhando, te percebendo, mesmo que de "longe" e  que comigo também tem uma mistura de sentimentos.
De medo, de dor e tristeza por te ver sofrer e não poder impedir que tu passasse por tudo que aconteceu, mas também com admiração por ti, pela forma como estás conseguindo reagir, levar a vida mesmo com tudo que desabou em ti, de repente.
Cada dia que falo contigo sinto tua voz com mais carinho e confiança, com vontade de se cuidar e fazer coisas boas para ti e isto me deixa feliz, confiante que tu vai achar o teu caminho para ser feliz.
Sei que a dor, o medo e as incertezas não desapareceram como num passe de mágica e que os momentos de tristeza e de medo ainda vão aparecer.
Também te vejo, como tu colocou no blog quando tudo isso aconteceu, no 1º dia vi a tua dor e o teu desespero, mas depois vi renascer, reaparecer uma nova pessoa.
 Andei pensando uns dias atrás, que naqueles dias que tu estava fora da cidade, algo muito intenso aconteceu contigo, que transcendeu a dor, o sofrimento. Além da dor e do "rompimento" brusco com a tua namorada, parece que rompeu também um escudo, um lacre que não deixava aparecer toda a tua capacidade de sentir o amor que existe das pessoas por ti e o teu próprio amor pela vida , as coisas boas, as possibilidades que podes escolher e viver...
Enfim filha querida, concordo que a dor e o desespero te amadureceram. Mas isto já vinha acontecendo aos poucos, e eu vinha te dizendo isto porque era verdade, eu vinha sentindo.
Tenho confiança na tua força, eu te falei uma vez que a alguns anos atrás eu me perguntava onde foi parar a minha filha carinhosa, o cuidado, o amor, o carinho que tu recebeu, porque mesmo com todas as minhas dificuldades e falhas, também te dei tudo isto. Depois eu comecei a ver isto tudo aparecendo de novo em ti e agora, muito mais forte.
Quando tu cortou o cabelo e encarou ficar quase sem cabelo, eu fiquei torcendo para que estivesse também cortando as amarras com um passado artificial, uma aparência que talvez já não te servisse mais e tivesse procurando as tuas raízes, ser uma nova pessoa.
Quando vi o teu corte de agora, olhei e vi minha filha crescendo junto, natural com seu estilo próprio e mais verdadeira, que tá indo aos poucos, ficando mais bonita assim como o cabelo.

Sabe, nas vezes que eu te vi, conversando com as tuas "fiéis escudeiras" tentando entender tudo que aconteceu e falando da vida, da morte, das relações, tive certeza que vocês todas amadureceram e que existe um lado muito bonito e positivo, junto com a amizade, uma cumplicidade grande entre vocês. Isto tudo só é possível acontecer entre pessoas bonitas por dentro.
Filha eu espero, desejo e te peço que nos momentos que te sentir triste, só, com medo ou confusa, que tu peça ajuda, assim como as pessoas que te amam vão contar contigo e precisar de ti.
Eu mesma, nesta fase da minha vida tô sofrendo e tentado ficar bem, mas tá difícil porque sei que tenho a minha mãe por pouco tempo, que ela tá sofrendo e precisa de cuidados e eu me sinto sufocada com a depressão dela, do uso e abuso que ela faz de mim. Então fico alternando, por vezes cuidando dela e deixando quase tudo de lado, porque ela me absorve tanto que descuido de ti e da tua irmã e de mim mesma, ou quando brigo com ela porque ela não quer viver e eu me afasto, fico culpada e me sentindo a "última das criaturas" por não conseguir ter uma relação de paz com ela, mesmo no final.
Vou tentar as vezes te falar de mim, porque acho que tu não me conhece bem, já que eu sempre guardo, escondo muito os meus sentimentos (é mal de família).

Filha querida, preciso ir dormir se não, amanhã/ hoje não consigo ir trabalhar.
LEMBRA QUE EU TE AMO, DE VERDADE!!!

Beijo, tua mãe."

Na primeira vez que li, eu chorei feito criança.
Depois fui ler isto ao meu pai e a minha boadrasta, choraminguei de novo, pois ler certa palavras doem.
Mesmo com a minha mãe falando que tem dificuldades pra escrever, eu achei maravilhoso, e sei que não foi fácil pra ela, mandei um e-mail pedindo pra ela ler meu blog e já era tarde, minha mãe trabalha demais, vive demais para os outros e a essas horas ela certamente estaria dormindo, na cadeira ou no sofá, mas não, ela estava ali escrevendo pra mim, me dando força, se abrindo comigo.
E fico muito feliz, vejo a nossa relação totalmente diferente do que era no passado, agora somos mãe e filha, cúmplices, cuidadoras, protetoras, uma família. Uma fazendo parte da outra.

Mesmo com coisas boas acontecendo, sejam elas no modo em que eu comecei a ver/viver a vida, ou na aproximação entre e todos que me cercam, eu sinto medo.

Sinto medo todos os dias, vivi 23 anos me sabotando, não estou acostumada a me permitir dizer que evolui, sorrir a me sentir feliz, sem fazer algo pra me castigar depois.
Tenho muito medo, é muita coisa nova, muita mudança.. isso assusta, ainda mais da forma que aconteceu.

Cenas me vêem à cabeça todos os dias e varias vezes por dia.
Como eu disse, não estou acostumada a me fazer bem, e tenho medo de que eu mesma, ao invés de superar/amadurecer um pouquinho cada dia, pegue eu mesma de surpresa, naquele segundo vulnerável e bingo, a merda estaria feita, eu sei o que eu já fiz comigo mesma, e por isso mesmo que tenho medo.

Sei que estou sendo forte, reagindo, lutando, amadurecendo, aprendendo e vivendo.
Todo mundo diz, que eu estou de parabéns, por estar me cuidando e buscando coisas para o meu bem.
Mas sabe bem a real? É que eu não sei se aparento ou de fato estou forte, a real é que por dentro eu tô borrada de medo.

Coisas aconteceram rápido demais, doloridas demais.
Coisas mudaram rápido demais, fortes demais.
E eu sempre eu, com medo demais.

 

Monólogo noturno.

Nunca me achei bem certa.
Tem momentos em que eu tenho orgulho da pessoa que me tornei.
Mas tem alguns segundos que roubam a cena, e as vezes não são apenas segundos, parece um filme de longa metragem correndo na minha mente.
É difícil. E nesses momentos que eu gostaria de ter um botão de desligar.
Simples assim, um botão e nada mais de sofrer.
Mas dai penso que eu tenho que superar isso, vem algo lá de dentro dizendo "é preciso".
Mas como? Enfrentando, ou seja vivendo.

Pra ter noção outro dia tentei ler O Novo Testamento. Mas puuutaquepariu na primeira página só tinha nome de gente, quatorze gerações até sei la quem,quatorze gerações até o outro e quatorze gerações até
Cristo. Tu tem noção de quantos nomes tinha nisso tudo? É eu não li mais.

E agora eu to vendo canal religioso.
Pelo menos ali não passa filmes com armas, sangue, mortes etc.

Antes de chagar ao ponto de ver esse canal ai, eu tava aqui pensando.
Antes eu tomava Topamax, ele serve pro tratamento da bipolaridade, pra pessoas que querem para de beber, fumar e até mesmo pra pessoas que estão fazendo dieta pra emagrecer.
É são muitos benefícios pra um remédio só.
Até que um dia eu descobri que a minha falta de memória não era lezeira, era do remédio.
Como disse minha psicóloga, "alguns pacientes chamam ele de remédio do esquecimento".

Tá ai!
Seria possível uma combinação de remédios pra fazer certas cenas virarem flashs?
Tá.. eu sei.. "nem sempre o caminho mais fácil é melhor que o da dor"
Mas bemm que podia né.
Porque o calmante que segundo a psiquiatra lá me receitou.. era pra "tirar esse sentimento de vazio no peito e a agonia."
A voltagem, como diria meu pai é 0,5 mas ao invez de tomar 3x ao dia, eu estou tomando 4x.
Porque as vezes de ter o sentimento de dor e vazio aumentaram e logicamente me deixando mais agoniada.

E se eu me viciar nesse remédio? e se chegar ao ponto de não funcionar mais? e se quando ele não funcionar mais, eu ainda não esteja bem? OMFG (to adiantando tudo de novo)

É o anseio de querer ficar bem.
E o medo de que isso nunca passe.

Meu tempo está sendo ocupado com: Idas ao shopping pra gastar, idas ao shopping pra passear, já cortei o cabelo, já fiz progressiva, já fiz limpeza de pele, limpeza de dente, comprei um skate, fui pra praia, tomei banho de mar 2 dias, comprei uma caixa de ferramentas, uma luz negra pro quarto, já vi uns 30 filmes desde que cheguei na praia, bebi cerveja sem álcool, coloquei um piercing no nariz (4 vez já), comprei mil coisas pra desenhar (fiz um rascunho da minha próxima tatuagem), passo horas jogando jogos on line, e horas escrevendo e apagando até postar algo (in)utíl aqui.

E cheguei a conclusão de que eu preciso de uma felicidade surpresa. Que algo estupidamente bom aconteça na minha vida. Que alguém caia do céu e faça.. sei lá.. que me faça (mais) feliz, que me traga novidades, pensamentos diferentes e momentos bons.

Tô pedindo demais né?!
Tem uma pessoa que eu admiro e especial; mas ela ta longe..
Angelina Jolie! Haha!
Claaaro que não né.

Pois é, isso que da ser vespertina, dai pra não ficar falando sozinha feito louca, fico bostejando aqui.
Repararam no humor do início do texto e o humor de agora?
Bemmm coisa de bipolar mesmo.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Algo parecido com conforto.

Teve um dia que eu estava inconformada. Puta da cara.
Escrevi na minha agenda pedindo para que ela se coloca-se no meu lugar.
Por mais que eu me coloca-se no lugar dela, e ela no meu, seria impossível sentirmos o que a outra realmente sente.
E quando  ficou noite, eu ainda estava braba (desculpa: não consigo escrever brava) e me sentindo desamparada. Meus amigos e familíares não desgrudavam de mim, mas o desamparo era exclusivo da falta dela.

Então fui dormir assim: desconfortável, indignada, desamparada e obviamente me sentindo confusa, vazia e preocupada.

Nessa noite sonhei o seguinte:
Meu celular estava tocando, eu olhei no visor e não tinha número nenhum e nada escrito mas mesmo assim eu atendi.
Ela dizia: Bommm dia amorziiinhoooo! (com uma voz super feliz)
Eu respondia: Bom dia amorzinhoo. (mas com voz de sono) e perguntei: Tu tá bem?
Ela respondeu: To bem! (com uma  voz mega tranquila e muito mas muito feliz, em paz.)
Eu perguntei: Onde tu ta?
................ ficou um silêncio na ligação.
E ela disse logo em seguida: Eu te amo tá?
Respondi Eu também te amo!

E acordei.

Relembrei do sonho e percebi que no sonho eu tinha a sensação de que ela ainda estava "nesse plano ou nessa dimensão" e fiquei muito feliz, muito mesmo, principalmente por ela ter dito que ela estava bem.
Afinal eu não estava bem na noite anterior, eu tava angustiadíssima por não saber como ela estava e tudo mais.
Fiquei numa felicidade e sai contando pra todos da casa.
E a primeira coisa que escrevi na minha agenda foi:
"Obrigada amorzinho!!"

Durante todo o tempo que namorei ela, os sonhos que eu tive junto dela foram dos seguintes "tipos": Eróticos, uma vez eu fui deixada (ela namorava com uma das minhas melhores amigas e eu dizia, pelo menos tu tá em boas mãos) e com ela na versão loira, que era relacionada com a visão que eu tinha dela no passado, uma pessoa "do mal" haha. E o engraçado era que ela só aprontava comigo nos sonhos quando estava loira. Morena nunca.
Eu cansei de acordar apavorada e xingando ela durante a madrugada, contando que ela loira havia feito tal e tal coisa. Ela só dizia vem cá amorzinho me abraçava e pronto, nós duas voltávamos a dormir.
E ainda riamos  muito disso no outro  dia.

Na noite de ontem, pedi como faço todos os dias, pra que ela siga em paz e que ela fique sempre bem.
Mas dessa vez eu pedi mais uma coisa: pra que ela me manda-se energias positivas pois eu precisava me desprender um pouco dela. (Porque eu ainda me sinto namorando com ela e tenho muito medo *precoce eu sei* de ser  tipo aquelas velhas que perdem o marido e vivem o resto da vida viúvas, intocáveis, que não se permitem apaixonar e muito menos ser feliz).

Pois então.
Sonhei outra vez com algo intrigante.

No sonho eu sabia que eu estava dormindo.
Ela falava comigo, mas a voz falhava e variava de tom.
Ela dizia que ela estava fazendo algo que era proibido, e que se descobrissem ela seria punida.
Falou também que isso só poderia acontecer enquanto eu estivesse dormindo. Acordada jamais.
Em seguida ela diz: "Tu quer ficar pra sempre ao meu lado? Se quiser tu deve dizer... (eram umas 4 ou 5 palavras em latim, que eu não entendia)
Nisso a voz dela some e vem uma outra voz, totalmente distorcida dizendo que eu deveria falar um outro conjunto de palavras, mas que de uma forma ou de outra isso não seria bom pra mim, pois eu mudaria muitas coisas que eu não tinha o direito de mudar e nós duas seriamos punidas.
Outra vez vem a voz dela dizendo: Sei que é muito errado, mas se tu quiser ficar comigo agora, essa é a única forma.
Perguntei que forma seria essa, e ela respondeu:
Que se eu falasse as palavras agora "no estado de sono" eu iria me desprender do meu corpo, iria para junto dela e que ao me desprender do meu corpo eu jamais voltaria a pertencer a dimensão atual.
Eu disse pra ela que eu não queria morrer, mas que queria sim ficar perto dela.
E ela me disse: Então isso vai acontecer em sonho.

Eu vivo entre o "eu preciso de ti aqui" e o "preciso aprender a viver sem ti"
Pra mim esses sonhos foram bem claros.
Não há ninguém que possa provar que isso foi o meu cérebro agindo inconscientemente, que meus sonhos não foram respostas, ou até mesmo que isso foi uma forma de comunicação (in)voluntária.
E sei que muitas pessoas vão dizer, que isso reflete coisas que eu quero, coisas que  eu tenho medo ou da fase que eu estou passando e coisas desse gênero.
Mas de uma forma ou de outra não importa o que os outros digam, eu precisava de qualquer resposta sendo elas boas ou ruins.
E eu as tive.
E essas duas ocasiões me deixaram mais forte e me deram também algo parecido com conforto e tranquilidade pelo fato de ter vindo diretamente de quem eu precisava "ouvir" as respostas.

Tudo em mim.

Tento não pensar em ti.
Quando penso dói, ou é pela saudades ou pelo destino.
Um dois ou três remédios tendem a amenizar a dor.
Mas o teu sorriso é mais forte, de olhos penetrantes, ao carinho que acalma, conforta.
Teu cheiro vem junto ao vento. Teu beijo eu procuro. Na minha mente tu sempre é presente.
Tua falta eu sinto.

Link da música, letra e tradução (Fly Leaf - All Around Me)

domingo, 13 de março de 2011

O céu e o Inferno.

Há 2 anos atrás, eu prometi naquelas listinhas de promessas de virada de ano sabe? Que eu iria ficar 5 anos sem namorar.
Mas não deu certo, me apaixonei pela pessoa que eu mais tinha ódio na vida.
As coisas aconteceram muito rápidas, nos jogamos de cabeça.
Era tudo intenso e maravilhoso.
Quando tínhamos que amar, amamos.
Quando tínhamos que brigar, brigamos.
Quando precisávamos do silêncio, nos calamos.
Quando precisávamos apenas da compania, ficamos sempre perto, lado a lado.
Nunca abandonar. (Foi uma promessa que fizemos uma pra outra)

Não vou dizer que meu mundo acabou, poque nós terminamos.
Não. Nós não terminamos.
Nós não deixamos de nos amar.
Nós não deixamos de ser apaixonadas.

Eu tenho "problemas", tu tem "problemas", todo mundo tem problemas.
Mas só o dono da dor sabe o quanto dói.

Eu sabia que ela tinha uma carência muito grande quando a questão era; família.
Ela perdeu o pai a 4 anos. O pai era tudo pra ela, era quem amava, era o seu porto seguro, ele era pai.
Não fazia apenas as vontades do luxo e do conforto.
Fazia todas as vontades, das aventuras mais emocionantes ao dar o carinho.
Que só um pai ou uma mãe pode dar, no caso era só ele quem dava tudo e principalmente o amor, a presença, o cuidado, a preocupação, os "nãos" e os castigos.

Já na relação com a mãe (mesmo antes do pai falecer) isso nunca aconteceu, pelo que ela me dizia.
E depois da morte do pai, a mãe deixou de passar o dia comprando tapetes e assumiu a empresa.
O ser mãe desta criatura era apenas dar dinheiro, satisfazer as vontades do luxo.
Ela achava que dando dinheiro aos filhos, tudo seria resolvido.
Mas e o colinho de mãe? Que só uma mãe pode dar. Como faz?

Ela sentia falta da mãe e cobrava isso das formas mais erradas possíveis.
O ego dela era muito grande pra dizer: Mãe eu sinto tua falta, falta do teu cuidado, falta da tua atenção, falta do teu amor.

O dinheiro não compra amor, dar dinheiro não faz uma pessoa ser mãe.

Ela estava muito bem consigo mesma, nós estávamos na nossa melhor fase.
Estavamos cheia de planos.
E o nosso amor aumentava a cada dia.
Fizemos 1 ano dia 10 de Fevereiro.
Vivíamos falando que iríamos nos casar, ter uma apto bem grande com vários cachorros.
Enfim essas coisas que fazemos quando amamos alguém.
Planejamos o resto da nossa vida ao lado uma da outra.

Dois dias seguidos ela teve um problema com a mãe dela, ou melhor o mesmo de sempre.
Um cano estourou e teve uma enchente no quarto dela.
A primeira coisa que ela disse quando ligou pra mãe foi: "Eu quero que tu venha aqui, não um encanador."
No outro dia, o mesmo cano voltou a estourar, e a frase dita a mãe praticamente se repetiu:
"Eu quero que tu venha aqui, é tu que deveria estar aqui, vem tu pra cá."

Houve descaso da mãe. Sempre a mesma desculpa "alguém tem que trabalhar".
Mas na minha visão filho vem sempre em primeiro lugar. E não o trabalho.
De fato, tem gente que não nasceu pra ser mãe.

Uma vez eu falei pra ela que tinha tempo sim pra mãe dela e ela se aproximarem.
Ela disse: "Não da mais tempo, o que ela não fez no passado, não tem como fazer agora"
Eu insisti: "Sempre há tempo" dei o exemplo da minha relação com a minha mãe.
Era um merda, eu era tratada como paciente dela e não como filha, mas.. (desculpa mãe) ainda bem que tu tomou uns sacodes da vida, isso nos aproximou. Agora sim me sinto ganhando o amor e o colinho de mãe.

Ela já não acreditava mais que a relação com a mãe dela, pudesse ser perto do normal.
Essa foi a ultima gota d'agua pra ela. Literalmente. Uma cano estourou e formou-se uma enchente, que levou tudo de bom embora, deixando apenas a magoa e a raiva da mãe.

Como havia prometido.
Fiquei ao lado dela.
Tentei impedir.
Me arrisquei. (eu poderia ver algo horrível que me marcasse pro resto da vida)
Mas mesmo assim fiquei. Eu jamais cogitei a ideia de sair de perto dela.
Nem se ela estivesse com uma espingarda apontada pra cabeça, que de fato estava.
O Olhar não era dela, só tinha raiva e ódio.
Ela não escutou nada do que eu falava, não teve reação.
Não era ela nesse momento.
Ela me disse: Desculpa.
E atirou.

Não queria saber o que eu senti.
Não tente imaginar.

Eu passei mais de 12 horas seguidas descrevendo tudo que aconteceu nesse dia, no meu diário pessoal.

Mas não escrevi o que eu senti naquele segundo, no segundo em que eu escutei aquele estouro.
Poderia passar meses ou até anos tentando descrever como me senti. Mas isso seria impossível.
A dor nos faz fazer coisas que jamais imaginamos.

Eu surtei, eu tive o maior medo da minha vida, a maior dor que possa existir.
Afinal não foi algo natural, que faz parte da vida.
Foi a coisa mais agressiva. Foi a dor ao extremo que levou ela a fazer isso.
E a dor extrema mudou a minha vida.
Amadureci 20 anos naquele milésimo de segundo.
Um rombo foi feito em mim. Ele é uma mistura de memórias e sonhos não realizados.
Esse rombo é a falta, a saudades eterna.

Prometi que ficaria do lado dela, e fiquei. No momento mais difícil da vida dela.
Ela me esperou em coma na UTI.
Eu falei com ela, disse que sempre estaria do lado dela.
Que ela sempre teve razão.
Que eu queria que ela ficasse bem. (da forma que ela achasse que fosse melhor pra ela)
Falei: Amor, eu te desculpo. Te amo. Te amo muito viu.

Minutos depois, após eu sair da UTI ela faleceu.

Meu pai (que é totalmente cético) disse: "minha filha, eu não quis te dizer na hora, pra tu não ter uma reação exagerada lá dentro.. mas quando tu pegou a mão dela e começou a falar com ela.. a respiração dela aumentou. E tu sabe que eu jamais iria te mentir sobre uma coisa dessas, ainda mais nessa situação.

Como eu havia dito antes, nós não terminamos.
Nosso amor foi interrompido.
Nosso amor é incondicional.

A partir desse segundo.
Eu renasci, confusa, afinal é tudo muito recente.
Mas hoje sou muito mais positiva.
Dou muito mais valor a tudo e a todos.
Digo e te amo e dou abraços que antes eu tinha vergonha.

Nunca mais na minha vida tu vai escutar eu dizendo: estou com um problema, tenho isso e blá blá blá.
Eu não tinha noção do que era problema, passei a ter da forma mais agressiva existente no mundo.
Que foi ver alguém que eu amo, se machucando, por não ter e não sentir o amor da mãe, pra machucar aquilo que dizia ser mãe dela.
A carta deixada, eu não vi e não quis ler na delegacia, mas pelo que me contaram a carta não falava nada bom não falava de mim, dos amigos ou do cachorro que era a vida dela. Dizia apenas coisas pra mãe..pra mãe ficar com toda a porra do dinheiro, pra ficar com os malditos dos bens dela, que dar dinheiro não era ser mãe, e que ela iria se sentir culpada pelo resto da vida)

Meu lado negro, foi derrotado naquele segundo. Porque a única coisa que eu queria e desejava nesse segundo era o bem, o bem te todas as formas e com toda a força possível.

Hoje eu vivo tomando mais remédios que o habitual.
A novidade é um antiansiolítico 3x ao dia.
Que foi recomendado pra mim com as seguintes palavras.
"Isso vai diminuir essa dor no peito, essa agonia, essa sensação de vazio"
Santo remédio!
Vivo e revivo momentos com sentimentos diferentes.
Duvido todos os dias da minha força.
Me questiono varias vezes por dia se essa força vai ser suficiente pra que eu não entre no abismo e no (antigo) ciclo vicioso de pensamentos ruins.
Mas é isso ai, cada dia é um dia.
E como dizem, o que não mata fortalece.
E eu não pretendo morrer tão cedo.
Tenho muitas coisas pra fazer, por mim e por ela.

sábado, 12 de março de 2011

Auto-conhecimento.

Na primeira vez que fui ao psiquiatra, eu estava apavorada.
Depois de um tempo comecei a ser um pouco positiva, chegava lá falava das coisas que os remédios estavam causando das que eu não estava gostando.. arruma isso, tira isso, preciso disso.
E assim por diante, cada vez que eu chegava lá, "corria um detalhe" e saía com o pensamento: Oba! Agora vai dar certo!

Comecei a ver a importância de tomar os remédios todos os dias, se eu parava um dia, já dava um "reboliço interno" como eu gosto de dizer.
Já faz 1 ano e pouco que sirvo de "rato de laboratório consciente"  e por um lado, que bom que existem vários tipos de medicações.
 Cada corpo age de um jeito, cada mente age diferente. Eu, sou diferente.

Eu sempre sai pra beber com os amigos, mas eu bebia mesmo, não era pouco. Meu médico dizia: "tu só pode tomar uma garrafa de cerveja, no máximo!".
E isso é uma coisa que eu não fazia, eu continuava enchendo a cara, e mesmo assim quando chegava em casa tomava a minha medicação.

De passinho em passinho, eu fui melhorando. Mas eu nunca diria isso de mim, quem insiste em que eu estou melhor, são meus pais  e meus médicos. Eu reconheço uma melhora (falando no modo geral) de  no máximo 13% com altos e baixos.
Sempre fui (pessimista/negativista) segundo meus amigos, meus pais, meus médicos e etc.
Mas na minha visão eu não era nada disso.
Eu era realista, afinal eu tinha um azar que puta merda, eu até jurei que iria filmar o meu dia-a-dia pra minha psicóloga ter a certeza de que eu era a pessoa mais azarada do mundo.
Provando que eu não deveria nem tentar começar algo, pois "tudo sempre dava errado pra mim"
Eu me esquivava de tudo, afinal pra mim: nada daria certo.

Uma vez resolvi fazer algo que eu queria a anos. Ir a algum local onde tivesse aula de boxe.
Eu fui.. falei "oi" e o professor abriu a porta pra mim. Quando eu entrei eu pensei: Puta merda, eu to aqui dentro, agora não da mais pra correr, ele já e viu. (me senti encolhendo perante a sala)
Mas muito bem, até tive orgulho de não ter corrido (literalmente) de lá nesse dia.
Fiz 4 meses de boxe, normalmente eu ia me arrastando até lá, por mais que quando eu saia de lá eu ficava em estado de euforía e não parava de falar o quanto aquilo me fazia bem.
Pois bem.. porque eu parei? Não sei. Mas eu parei. Mesmo desejando todos os dias estar lá.

Vivia reclamando de tudo. Tudo era um probleminha e eu era um problemão.
Demorei um tempo pra aceitar que não era nenhum fator externo que me impedia de fazer as coisas que eu gostava, e sim eu mesma.
Começava algo e parava. Sempre assim.
E a coisa que eu mais odiava era quando alguém vinha e dizia:
"É só tu ter força de vontade".
Oi? Vem dizer pra mim que sou bipolar, justo pra mim que não me permito nada de bom, que tudo isso é apenas uma questão de força de vontade?! Ahhh vááá....
Qual a parte do eu quero mas não consigo, não me permito que tu não entendeu?

Enfim decidi (com muito mas muito custo mesmo) não me culpar por desistir das coisas.
Afinal eu sou assim, se eu ficar sempre me culpando, eu nunca vou conseguir progredir, porque sempre vou me colocar no patamar de "a pior merda do mundo", e isso definitivamente me atrapalhava.

Percebi que eu tenho dois lados.
O que quer que as coisas boas sejam feitas e o que não permite que isso aconteça.
O lado "negro" como eu digo, sempre ganhava. Não importa se eu resolvesse todos os meus possíveis medos pra chegar ao tal objetivo. O maldito lado negro ganhava.
Inclusive eu sempre defendi os suicidas, não importa o que me falassem, eu defendia, mesmo sem ter conhecido um. (no fundo eu sabia que o potencial suicida era eu.)

Eu mesma me sabotava, achava que eu não tinha futuro. Que nada na vida daria certo.
O lado negro me dominava cada vez mais. Eu cansava, cansava, cansava e tomava atitudes auto-destrutivas. (algumas leves outras "inocentemente pesadas")

Via na internet possíveis cirurgias e tratamentos mais pesados para a bipolaridade e a depressão.
E só conseguia pensar que as coisas que aconteciam comigo só poderiam ser causadas por algum tumor seja lá o que for, ou uma parte podre do meu cérebro que  praticava esse ritual negativo.
Toda essa sabotagem não podia vir do meu próprio pensamento.
Não podia vir de mim, não podia ser eu, afinal eu não queria pensar de tal forma e pensava.


Link da música, letra e tradução (Papa Roach - The Enemy)

Horas bem, horas em profundo desespero.
Mas aprendi que só quem pode ganhar de mim, sou eu mesma.
Que nem todos os dias vão ser tranquilos, alguns eu vou me sabotar.
Que tenho que deixar de ser tão exigente comigo.
Valorizar que o meu mínimo, pode ser só o que eu consiga fazer agora.
E lá vamos nós outra vez... no fundo nunca me achei capaz de nada.
Era cair e levantar muitas vezes por dia.
Achava eu que isso me mataria.
Detalhe: eu tenho uma tendência esquisita (normal não poderia ser né?! hehe)
Quando vejo que estou caminhando rumo a um abismo (onde eu literalmente ficaria na merda) eu me atiro antes.
Vou ao fundo, me machuco, machuco os outros, ignoro qualquer coisa boa e vou bem lá no fundo.. mas essa era a única forma de tirar uma força incrivelmente boa de mim, parecia um foguete abastecido de boas esperanças.

Eu não cheguei nem perto de comentar coisas que eu pensava que eram difíceis.
Não entrei nos meus detalhes, não cheguei perto dos meus porens, nem das ilusões de mudar o passado, muito menos dos meus "problemas".

Problema foi o que aconteceu depois.

7 anos de tratamento psicológico e um novo recomeço.

Decidi junto com minha psicóloga, fazer uma lista das coisas que eu queria dizer ao psiquiatra.
Afinal ele nunca tinha me visto. Como iria dar um diagnóstico em uma sessão?
Então lá vai minha listinha de sentimentos.

---Medo:
- De errar (acabo não fazendo as coisas por medo que elas não dêem certo)
- Das pessoas ou seja qualquer lugar público: (insegurança) só o olhar já me da medo (como se fosse uma critica ou um julgamento)
- Medo de chegar aqui e não consegui contar tudo que eu penso que está errado comigo e receber um tratamento que não funcione.

---Mudança de humor:
- Eu estava de carro em uma avenida, com pensamentos positivos e cheia de planos,  andei duas quadras e tudo acabou, nada mais na vida daria certo.
- Se eu realiza-se todos os meus planos que faço a noite eu já estaria formada. (elaboro planos miraculosos para que tudo dê certo, acho uma solução pra cada problema que pudesse impedir que essas coisas dessem certo. Mas quando eu acordo e me dou de cara com a minha realidade, e os meu planos são impossíveis de realizar.)

---Ansiedade:
- Diazefast 5mg: me mantém calma por no máximo 20 minutos.
- Rivotril: mesma coisa que merda, não adiantou em nada.
- Stilnox: tomo 1 ou 2 . Acho que o remédio não está funcionando, mas na verdade eu já nem sei o que estou fazendo..
(a sensação é de como eu fosse um zumbi bêbado e chapado que perde a memoria de 90% da noite) e quando acordo no outro dia olho a cartela de Sltinox ao lado da cama e vejo que tomei 6.

---Falta de vontade para fazer as coisas.
 Antes eu queria fazer as coisas, mas algo me impedia (nenhum fator externo, eu me impedia) hoje já não tenho mais vontade de fazer absolutamente nada.
**Outro dia meu pai me perguntou: "não vai tomar os remédios minha filha? eu respondi que não. (mas se ele tivesse me trazido um copo d'agua com os remédios na cama eu não teria escolha e teria que tomar) Mesmo com ele não trazendo eu fui lá e tomei. Mas já parei de tomar no outro dia, achei que não iria funcionar pra mim.

---Quase todos os dias eu me pergunto se eu preciso ser internada, para terem a certeza do meu diagnóstico, tipo eu tenho certeza que o problema é alguma química que falta no meu corpo. Porque o "pensar positivo" não ajuda, até mesmo porque ele não dura muito tempo. Pensamentos positivos eu tenho quase todos os dias mas em questão de segundos eles vão embora o meu lado negativo não me deixa conseguir fazer as minhas coisas e me sentir feliz.

---Bebo para conseguir algum momento feliz (ilusório eu sei) mas pelo menos eu seria feliz pro alguns minutos.(Mas nem toda vez que eu bebo eu consigo isso, normalmente só piora)
 -Se eu pudesse, eu fumava maconha. Mas dai eu me pergunto: será o meu lado sadio que não deixa eu fumar maconha ou será o meu lado doente que quer que eu não seja feliz (ilusoriamente) por meia hora?

---Tento sair as vezes com os amigos para me animar um pouco, no sábado fui a um lugar lindo muito lindo mesmo mas entrei em desespero pois percebi tanta coisa linda ao meu redor e nada disso fez com que eu me sentisse melhor, ou seja me decepcionei mais um vez por tentar fazer algo bom e não melhorar. A coisa feia, ta aqui, dentro de mim.

Há dois anos atrás.

Hum..
Muitas coisas trancadas. Uma vez decidi ver o quanto eu aguentava em baixo d'agua.
A cada segundo necessário, a vontade de respirar, contra a própria limitação.
Aquela explosão. Eu preciso. Preciso respirar.
As unhas sangram. Ansiedade. Comida. Bebida. Drogas.
Rota de fuga ou diversão?
Ilusão ou destruição?
Prazer ou alto-flagelo?
Solução ou abandono?
Me sinto soterrada e o pior é que eu ainda respiro.
Corro para todos os lados, em círculos, me sinto cercada por muros.
É uma tortura.
Percebi que a mascará que eu estava usando para não deixar transparecer as coisas ruins, caiu.
Os sorrisos, as festas, não são tão alegres assim. Aqui dentro ta uma bagunça. Não sinto meus pés no chão.
Perdi muita coisa na virada do ano. Como um fogo de artifício; lindo e colorido,basta uma explosão e acaba.
Sabe, não são pensamentos e atitudes que se "adquirem" de uma hora pra outra, isso cansa e eles não passam de uma hora pra outra e muito menos cicatrizam de uma hora pra outra.
Tive paciência quando jamais pensei que teria, amei coisas que eu jamais amaria, fiz coisas que jamais faria.achei que era o correto e que se fizesse assim daria certo. Dei meu melhor. Mas como acontece com todo mundo, sempre damos o melhor que temos, mas nunca é suficiente. No meio de tantas coisas ruins eu só consigo lembrar das boas, das que me faziam sorrir, e só consigo é sentir falta e manter o sorriso falso no rosto, pra ver se me vejo alegre no espelho.

Já não pertenço mais e nada mais me pertence.
Já nem sei o que me cura ou o que me droga.
Só sei da ilusão que tento manter para ver se consigo me manter em pé e também sei que isso não irá durar muito tempo.
Até quando eu vou aguentar?