sábado, 19 de março de 2011

Sempre odiei a época de natal e ano novo, porque meus pais se separaram quando eu tinha 5 anos, tinha toda aquela coisa de sempre, tal dia é do pai, tal dia é da mãe, então em épocas comemorativas onde supostamente a família deveria estar unida, a minha não tava, mas pra mim o pior era que; na minha cabeça eu pensava assim: Tenho que escolher ficar com um e magoar o outro. E sempre foi assim "eu estaria magoando alguém".

Depois minha avó faleceu quando eu tinha 8 anos, 2 dias depois do natal, então era mais um motivo pra eu não gostar do natal.

Tentei me "ausentar" do blog nos dias 17, 18, 19 e 20.
Eu sabia que "só" por ser esses dias eu já estaria mal.
Mas desde o mês passado passei a menstruar no dia 18 ao invés do dia 28.
E sim, eu tenho tpm e das fortes, um dia eu tenho vontade de matar alguém (mesmo) e no outro eu choro por tudo, e dessa vez não foi diferente.

Sabe, mesmo tendo visto todas as coisas que aconteceram nesses dias, tem horas que a ficha cai, outras tu, no caso eu, ainda fico pensando, "ela está viajando e logo vou ver o carro dela, vindo me buscar".

Nesse dia 17, eu pensei, porra, faz um mês e ela não voltou...porra, ela não vai voltar.
Então tento forçar a minha mente a crer que tudo aquilo foi verdade. Que aquele horror realmente aconteceu.
Na madrugada, veio uma raiva, mas uma raiva absurda mesmo.
Só conseguia pensar nas seguintes coisas:
Porque isso aconteceu? (fiz a retrospectiva e voltei à mesma conclusão)
Tá, mas porque que chegou a esse ponto?
Repensei tudo, desde todo o tempo em que passei com ela até todas as coisas que ela me contava da vida dela, antes de estar comigo.
E só vinha uma resposta na  minha cabeça.
Por mais que ela tivesse o amor de muitas pessoas, isso não bastava pois o amor de quem ela realmente precisava ela nunca teve, nunca sentiu.
Me transformei em um monstro, nenhuma coisa boa passava na minha cabeça, as coisas só fluíam da raiva.

Tomei meus remédio pra dormir as 3:00, eles me fazem "desligar" normalmente em 40min.
Eram 6:04 e eu ainda estava acordada, sendo alimentada pela raiva.
Deixei um bilhete na porta do meu pai, dizendo pra ele que eu não estava me sentindo bem, que além disso, meus remédios iriam acabar antes do tempo certo, ou seja, minha cabeça anda tão alterada, que tomei 2x um remédio noturno de dia.

Finalmente dormi, quando começou Ana Maria Braga.
Quando acordei, passei reto pra varanda, sentei na rede e acendi um cigarro.
Não dei oi, não dei bom dia a ninguém.
E meu pai me perguntou, porque que eu não estava bem.
Respondi e começamos a discutir, ele falava que eu não podia colocar a culpa disso tudo em uma só pessoa. Concordei, mas foi  muito descaso. Muitos momentos eu via isso acontecer, imagina nos outros 21 anos.

E a mesma frase que foi me dita no dia do enterro dela, veio a minha cabeça:
"Eu não entendo o que ela queria, eu ia trocar o carro dela essa semana, comprei apartamento, eu dava dinheiro e pagava as contas."

Pra terem noção, fui escutar Facção Central.
A música é "Eu não pedi pra nascer"
Trechos que pra mim fazem sentido.

"Olho roxo, escoriação, porra, que foi que eu fiz?
Pra em vez de tá brincando, tô colecionando cicatriz.
Porque não pensou antes de abrir as pernas,
Filho não nasce pra sofrer, não pede pra vir pra Terra."

"O seu papel devia ser cuidar de mim, cuidar de mim, cuidar de mim
Não me espancar, torturar, machucar, me bater, eu não pedi pra nascer"

"Eu não queria Playstation, nem bicicleta
Só ouvir a palavra "filho" da boca dela"

"Qualquer um ora pra Deus pra pedir que ele ajude
A ter dinheiro, felicidade, saúde
Eu oro pra pedir coragem e ódio em dobro
Pra amarrar minha mãe na cama, pôr querosene e meter fogo"

"Olhei pro teto e vi as armas num pacote,
Subi na mesa, catei logo a Glock
Mãe, devia te matar, mas não sou igual você,
Em vez de me sujar com seu sangue eu prefiro morrer...."

Agressões físicas passam, mas as piores vem das palavras.
E com a indiferença que ela olha na tua cara.
Ontem  noite, eu estava conversando com meu pai da relação dele x minha mãe x eu.
Falaram pra irmos jantar fora, eu subi pra ver se meu cachorro não precisava de nada, fui no banheiro fazer xixi, sentei e desabei no choro, surgiu uma dor indescritível no meu peito.
Sai correndo e perguntado: Que horas são?
Alguém grita lá de baixo: "São dez pras oito"
Desci com o rosto todo vermelho, sem conseguir dizer nada, só chorava e fazia gestos ao meu pai, apontando pro meu peito.
Ele se assusta e me pergunta: o que é que tu tem?
E eu respondo: Nesse momento eu estava me preparando pra me despedir dela.

Mais tarde minha amiga me ligou, e eu disse que eu tava bem surtada, afinal a tpm tinha vindo junto aos dias. Ela disse que sabia, pois havia acontecido o mesmo com ela, e ficamos um tempo conversando sobre tudo que já havíamos conversado antes.
E sempre chagamos à mesma conclusão:
Foi uma tragédia, um horror, com muitos sentimentos.
Que eu vou ter muitos altos e baixos, mas eu vou acordar cada dia enfrentando, vivendo.
Que era pra ser exatamente da forma que foi.
Eu, ela, todo mundo que ficou sabendo, até tu aí mesmo que tá lendo, repensou muitas e muitas coisas.
A tenho certeza de que estás vivendo a tua vida de uma outra forma.

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