sábado, 12 de março de 2011

Auto-conhecimento.

Na primeira vez que fui ao psiquiatra, eu estava apavorada.
Depois de um tempo comecei a ser um pouco positiva, chegava lá falava das coisas que os remédios estavam causando das que eu não estava gostando.. arruma isso, tira isso, preciso disso.
E assim por diante, cada vez que eu chegava lá, "corria um detalhe" e saía com o pensamento: Oba! Agora vai dar certo!

Comecei a ver a importância de tomar os remédios todos os dias, se eu parava um dia, já dava um "reboliço interno" como eu gosto de dizer.
Já faz 1 ano e pouco que sirvo de "rato de laboratório consciente"  e por um lado, que bom que existem vários tipos de medicações.
 Cada corpo age de um jeito, cada mente age diferente. Eu, sou diferente.

Eu sempre sai pra beber com os amigos, mas eu bebia mesmo, não era pouco. Meu médico dizia: "tu só pode tomar uma garrafa de cerveja, no máximo!".
E isso é uma coisa que eu não fazia, eu continuava enchendo a cara, e mesmo assim quando chegava em casa tomava a minha medicação.

De passinho em passinho, eu fui melhorando. Mas eu nunca diria isso de mim, quem insiste em que eu estou melhor, são meus pais  e meus médicos. Eu reconheço uma melhora (falando no modo geral) de  no máximo 13% com altos e baixos.
Sempre fui (pessimista/negativista) segundo meus amigos, meus pais, meus médicos e etc.
Mas na minha visão eu não era nada disso.
Eu era realista, afinal eu tinha um azar que puta merda, eu até jurei que iria filmar o meu dia-a-dia pra minha psicóloga ter a certeza de que eu era a pessoa mais azarada do mundo.
Provando que eu não deveria nem tentar começar algo, pois "tudo sempre dava errado pra mim"
Eu me esquivava de tudo, afinal pra mim: nada daria certo.

Uma vez resolvi fazer algo que eu queria a anos. Ir a algum local onde tivesse aula de boxe.
Eu fui.. falei "oi" e o professor abriu a porta pra mim. Quando eu entrei eu pensei: Puta merda, eu to aqui dentro, agora não da mais pra correr, ele já e viu. (me senti encolhendo perante a sala)
Mas muito bem, até tive orgulho de não ter corrido (literalmente) de lá nesse dia.
Fiz 4 meses de boxe, normalmente eu ia me arrastando até lá, por mais que quando eu saia de lá eu ficava em estado de euforía e não parava de falar o quanto aquilo me fazia bem.
Pois bem.. porque eu parei? Não sei. Mas eu parei. Mesmo desejando todos os dias estar lá.

Vivia reclamando de tudo. Tudo era um probleminha e eu era um problemão.
Demorei um tempo pra aceitar que não era nenhum fator externo que me impedia de fazer as coisas que eu gostava, e sim eu mesma.
Começava algo e parava. Sempre assim.
E a coisa que eu mais odiava era quando alguém vinha e dizia:
"É só tu ter força de vontade".
Oi? Vem dizer pra mim que sou bipolar, justo pra mim que não me permito nada de bom, que tudo isso é apenas uma questão de força de vontade?! Ahhh vááá....
Qual a parte do eu quero mas não consigo, não me permito que tu não entendeu?

Enfim decidi (com muito mas muito custo mesmo) não me culpar por desistir das coisas.
Afinal eu sou assim, se eu ficar sempre me culpando, eu nunca vou conseguir progredir, porque sempre vou me colocar no patamar de "a pior merda do mundo", e isso definitivamente me atrapalhava.

Percebi que eu tenho dois lados.
O que quer que as coisas boas sejam feitas e o que não permite que isso aconteça.
O lado "negro" como eu digo, sempre ganhava. Não importa se eu resolvesse todos os meus possíveis medos pra chegar ao tal objetivo. O maldito lado negro ganhava.
Inclusive eu sempre defendi os suicidas, não importa o que me falassem, eu defendia, mesmo sem ter conhecido um. (no fundo eu sabia que o potencial suicida era eu.)

Eu mesma me sabotava, achava que eu não tinha futuro. Que nada na vida daria certo.
O lado negro me dominava cada vez mais. Eu cansava, cansava, cansava e tomava atitudes auto-destrutivas. (algumas leves outras "inocentemente pesadas")

Via na internet possíveis cirurgias e tratamentos mais pesados para a bipolaridade e a depressão.
E só conseguia pensar que as coisas que aconteciam comigo só poderiam ser causadas por algum tumor seja lá o que for, ou uma parte podre do meu cérebro que  praticava esse ritual negativo.
Toda essa sabotagem não podia vir do meu próprio pensamento.
Não podia vir de mim, não podia ser eu, afinal eu não queria pensar de tal forma e pensava.


Link da música, letra e tradução (Papa Roach - The Enemy)

Horas bem, horas em profundo desespero.
Mas aprendi que só quem pode ganhar de mim, sou eu mesma.
Que nem todos os dias vão ser tranquilos, alguns eu vou me sabotar.
Que tenho que deixar de ser tão exigente comigo.
Valorizar que o meu mínimo, pode ser só o que eu consiga fazer agora.
E lá vamos nós outra vez... no fundo nunca me achei capaz de nada.
Era cair e levantar muitas vezes por dia.
Achava eu que isso me mataria.
Detalhe: eu tenho uma tendência esquisita (normal não poderia ser né?! hehe)
Quando vejo que estou caminhando rumo a um abismo (onde eu literalmente ficaria na merda) eu me atiro antes.
Vou ao fundo, me machuco, machuco os outros, ignoro qualquer coisa boa e vou bem lá no fundo.. mas essa era a única forma de tirar uma força incrivelmente boa de mim, parecia um foguete abastecido de boas esperanças.

Eu não cheguei nem perto de comentar coisas que eu pensava que eram difíceis.
Não entrei nos meus detalhes, não cheguei perto dos meus porens, nem das ilusões de mudar o passado, muito menos dos meus "problemas".

Problema foi o que aconteceu depois.

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