sexta-feira, 25 de março de 2011

"Terapia da vida"

Roteiro do dia:
-Psiquiatra as 15hrs.
-Psicóloga as 16hrs.

Mas eu inventei de ir no salão de beleza, fazer uma tal de blindagem no cabelo.
Falei que eu podia das 14 até no máximo as 15hrs.
Sai do salão 15:40, no final não consegui ir na consulta do psiquiatra, só peguei as receitas.
Não sei se fiquei feliz por não ter falado com ele...
Na verdade eu não fiquei feliz, eu preferia ter falado pra ele o que aconteceu e que agora sim pela primeira vez na vida eu posso realmente dizer: Estou com um problema.
Ia doer, mas talvez ele pudesse me ajudar com alguma outra medicação, como eles adoram dizer: "com isso tu vai passar por essa fase sem ter tal sentimento tão forte"
Mas a palavra que ao meu ver mais se encaixaria não é forte, é abusivo. Isso! Abusivo.

Mas ok, a corrida agora era pra psicóloga.
Peguei chuva,cheguei atrasada mas cheguei.
Logo na entrada eu sempre digo "Oi _____ " e ela sempre me responde oi com um ar de "felicidade em me ver".
Só tinha acontecido uma ocasião em que o "oi" dela não tinha sido alegre como o de sempre, foi porque ela chegou  atrasada no meu horário e não tinha se sentido bem com isso.
Mas o "oi" de hoje, foi estranho, o olhar de 1 segundo que dá o tempo de eu passar pela porta, me pareceu ser um olhar assustado, com receio.

Sentei na cadeira, fiz o mesmo ritual de sempre, tiro uma almofada verde da cadeira e toco no divã, se eu não faço isso eu não consigo me concentrar pra iniciar a sessão. (é um t.o.c) mas shhh =x
Comecei explicando o atraso, claro eu tava fugindo do que eu realmente não queria, mas precisava falar.
Ela disse: "sobre a msg que tu mandou pedindo pra eu acessar o teu blog, eu não me sentiria a vontade, me sentiria invadindo a tua vida, sem tu estar presente, em ler coisas e ter um entendimento errado já que eu não estaria ali pra explicar como realmente eu senti.
E logo em seguida ela disse: "E ai, como tu ta sobrevivendo com isso, com essa coisa tão forte que aconteceu contigo?"
Respirei fundo, fiquei um tempinho sem dizer nada e disse: "É.. é difícil, mas eu descobri que eu sou forte, realmente forte. Não é qualquer um que passa por isso e fica do jeito que eu estou agora. Se fosse no "eu" antigo eu já tinha me matado, mas aquele segundo mudou a minha vida... fez tantas coisas que não conseguiria descrever... (pronto já desabei no choro).
Falei de magoa, falei de raiva, falei de dor, falei de amor.
Eu tava toda atrapalhada, tentando explicar coisas, mas ao mesmo tempo evitando entrar em detalhes, ainda por cima, sabia que a sessão seria mais curta.
Mas falei, falei dos detalhes que mais me doem.
Chorei, chorei muito e dizia que ela jamais iria entender o tamanho da minha dor, ela concordou na hora. E no meio das minhas falas, ela só dizia "que horror", "meu deus", "mas é claro, é evidente", "não imagino mesmo".
Tentamos achar explicações inexplicáveis.
Mas pelo menos ela concordou comigo em aspectos que eu precisava que alguém concordasse com toda certeza como eu tinha, eu precisava dividir a raiva com alguém, com alguém que tivesse capacidade de avaliar a situação e ver  as coisas da mesma forma que eu vi.
Vários momentos ela dizia que eu tinha que encontrar o lado bom, e eu interrompia ela dizendo que eu havia achado o lado bom, mas que esse lado bom, não isentava de forma alguma a minha dor.
Ela disse que realmente, passar por isso que eu passei e estar ali, lutando e sobrevivendo não era pra qualquer um.
Disse que eu não era qualquer um, que ela e o meu psiquiatra sempre falavam que eu tinha uma força vital muito grande no meio de tanta coisa ruim e que agora isso se sobressaiu.
Que a dor na forma mais extrema mostrou a minha força extrema e a minha vontade de viver.
Ela disse também, que eu sabia que eu havia me arriscado, mas que era impressionante a força e o meu amor, amor por ela, amor pela vida. "impressionante que tu não te importou em correr esses riscos, passou por cima deles, disse que eu estava exposta aos riscos mas decidida a tentar fazer o bem, mesmo correndo o risco de falhar eu simplesmente agi, que era instintivo meu, que muitas pessoas não teriam coragem nem discernimento em meio dessa situação toda.

E eu disse: "É claro que eu "me arriscaria" porra! Tu vê a pessoa que tu ama naquela situação e não vai fazer nada?! Que tipo de amor seria esse?! Que culpa eu estaria carregando se não tivesse feito tudo que eu fiz?!
Eu sei que não posso mudar o passado, mas se alguém me perguntasse hoje: Se tu soubesse que iria ser assim, tu teria feito tudo que tu fez? Eu responderia, sem nenhuma dúvida: Faria tudo de novo!
Eu jamais me arrependi do que fiz, sei que fiz tudo que estava ao meu alcance, que fiz tudo com um único pensamento na cabeça: Amor.
No fim não conseguimos falar muitas coisas.
É muito complicado explicar o inexplicável.
Mas o desfecho segue na proxíma sessão.


Eu me dou super bem com os meus pais.
Eu e minha mãe temos mais liberdade pra falar nossos sentimentos.
Meu pai descreve, mas tem dificuldade de dizer certas coisas.

Eu tava aqui escrevendo o post de hoje e recebo a seguinte mensagem do meu pai, que estava no quarto do lado do meu:
"Filha amada..o pai esta muito..muito feliz que tu conseguiu ver que tu é forte.. chorar.. ter angustia.. temores.. medos.. e todos os demais sentimentos.. é da nossa natureza.. parabéns por ter se descoberto forte.. é amadurecimento.. bjs do pai que te ama e deseja tua felicidade.."

Eu respondo:
" *-* (isso significa olhinhos brilhantes)
Obrigada pai, essa força que eu descobri em mim, jamais existiria sem a tua ajuda.
Obrigada. Te amo."

Em seguida ele me responde:
"Bem vinda a vida.. bjs do pai que te ama."

É pai.. descobri esse ano o significado da palavra difícill.
Da palavra amor seguida da palavra incondicional.
Da palavra medo.
Da palavra dor.
Da palavra rombo.
Da palavra vazio.
Da palavra força.
E da força da palavra vida.
Da força na vida.
A palavra suicídio eu não entendi, eu vi, eu senti e essa não tem tradução.

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